segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Branco, só o tubarão

South Africa/KLM
O Branco que nasce, o branco que revigora, o branco que tranqüiliza, o branco que enobrece, o branco que aplaude, o branco que consola, o branco que aconchega, o branco que expande, o branco que alimenta...

Laura De Luca, italiana de Milano, aos 27 anos, escreveu assim:

Conheço um homem que agora abre seus olhos cheios...é o seu primeiro abraço; o primeiro abraço de vida, o primeiro abraço depois de escurecer, fez muito mais do que eu, do que você.

Todos os dias as noites chegam para ver até eu ver; o nosso primeiro abraço de vida, o nosso primeiro abraço depois de escurecer, como se estivéssemos apressados para o final.

Agora não há nada a ser dito; não se deixe ir; não há mais falsidade no poder de ferir, com toda a sua desilusão.

Vinde a mim e vamos encontrar o nosso primeiro abraço novamente; não se deixe lembrar quando lutei contra o meu nome e o meu orgulho, brilham dias em que você pode mostrar...um sonho.


HAPPY 2008

by Gustavo Ferrari

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Arranhas impressionantes!

Divulgação/Al Burj
A arquitetura se desenvolveu de tal forma, que qualquer magnata pode construir a sua própria 'torre'. O editor do Cruzeiro do Sul, Homero Querido, mostrou-me as 'engenhocas' de concreto na tela de seu poderoso computador, que não trava.
São verdadeiros 'monumentos' da modernidade.
No Dubai (Emirados Árabes), por exemplo, não só uma, mas dois arranhas-céus estão sendo erguidos. Um para competir com o outro. Em Taipei, na China, um outro prédio atrai a atenção do mundo.



Divulgação/Taipei 101
Na redação do jornal, brinquei com o editor, que é apaixonado por obras 'descomunais' e aviões. "Veja bem: os faraós levantaram as pirâmides sem a facilidade e a tecnologia de hoje em dia". Perspicazmente, Homero respondeu: "Eles não faziam prédios de mil metros de altura".
O Taipei 101 pode suportar terremotos de 7 graus na Escala Richter e ventos de mais de 450km/h. A importante capacidade de absorção desta estrutura consiste em um amortecedor eólico.



Divulgação/Burj Dubai
O Al Burj, de Dubai, promete ficar pronto em 2010, com 1km de altura (mil metros), aproximadamente. Na mesma ilha, o Burj Dubai quer atingir mais de 800 metros de extensão vertical. Já o 101, de Taipei, está em pé com mais de 500 metros. É o maior do mundo, atualmente.

by Gustavo Ferrari

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

WTC russo

Divulgação
Quem diria: os russos querem construir um 'novo' World Trade Center (WTC). Duas décadas após a guerra-fria, o capitalismo selvagem consumiu o socialismo de Lênin e massificou as instâncias superiores da construção civil em Moscou.
O projeto 'alucinante', intitulado 'Ilha de Cristal', pretende incorporar comércio e residência ao mesmo tempo, com hotel, lojas, cinema e teatro. Está avaliado em € 3 bilhões, segundo reportagem do britânico The Times.
A arquitetura deve atingir mais de 450 metros de altura e ser capaz de servir de moradia para 30 mil pessoas, possuindo uma base maior do que qualquer outra estrutura já existente no mundo.
A planta desenhada indica que o prédio terá uma área quatro vezes maior do que o Pentágono, nos Estados Unidos. A 'big obra' deve estar concluída em seis anos.

by Gustavo Ferrari

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O Requiem de Lee

Reprodução
O cineasta americano Spike Lee assistiu pela TV, incrédulo, ao modo como o Katrina, um furacão de categoria 5, destruíu os vários diques que separavam Nova Orleans do lago Pontchartrain, transformando a cidade do Louisiana em um verdadeiro 'cemitério aquático', com mortos a boiar e milhares de desalojados.
Para mostrar a catástrofe, decidiu que era sua obrigação explicar um dos maiores desastres naturais da história dos Estados Unidos, com base nos relatos de quem viveu a tragédia.
O resultado de seu esforço pode ser visto em When the Levees Broke: a Requiem in Four Acts (Quando se Romperam os Diques: um Requiem em Quatro Actos), o documentário de quatro horas produzido pela HBO.
Assente numa estrutura musical, Lee começa por alternar a memória das famosas paradas e festas de Nova Orleans, com imagens das casas destruídas e dos cadáveres arrastados pelas águas, enquanto se ouve, ao fundo, 'Do You Know What it Means to Miss New Orleans', de Louis Armstrong.
Depois, o cineasta mostra dezenas de vítimas, membros das equipes de salvamento e responsáveis diretos pela gestão da catástrofe (como a governadora Kathleen Blanco e o prefeito Ray Nagin), enquanto elenca os vários erros fatais que se foram sucedendo: da evacuação que não chegou a acontecer, apesar dos alertas, à paralisia do poder local e federal, culminando no atraso com que a Administração Bush decidiu enfrentar o problema.
Para a Newsweek, por exemplo, esta é a obra mais importante da carreira de Lee, que "vê a tragédia como uma traição nacional baseada na classe social, mais do que na cor da pele". (Fonte: Diário do Norte, Lisboa)

Catástrofe

Reprodução/satélite
O Furacão Katrina foi uma tempestade tropical que alcançou a categoria 5 da Escala de Saffir-Simpson (regredindo a 4 antes de chegar à costa sudeste dos Estados Unidos). Os ventos alcançaram mais de 280 quilômetros por hora e causaram grandes prejuízos na região litorânea do sul, especialmente em torno da região metropolitana de Nova Orleans, em 29 de agosto de 2005, onde mais de um milhão de pessoas foram evacuadas.
O Katrina causou, aproximadamente, mil mortes, sendo um dos furacões mais destrutivos a ter atingido a América. Como consequência da tempestade, muitos problemas apareceram. Alguns dos diques que protegiam Nova Orleans não conseguiram conter as águas do Lago Pontchartrain, que afluiu município adentro, inundando mais de 80% da cidade. Cerca de 200 mil casas ficaram debaixo d'água. O furacão causou grandes estragos, entre eles, danos no sistema de abastecimento sanitário e de esgoto.
Na noite de 31 de agosto, o prefeito Ray Nagin declarou "lei marcial" e disse que "os policiais não precisavam se preocupar com os direitos civis para deter os saqueadores". A interrupção de suprimento de petróleo, importações e exportações causada pela tempestade tiveram conseqüências para a economia global. (Fonte: Wikipedia)

by Gustavo Ferrari

Morbidez...

Charity Hospital
GF/Glória
Na primeira semana de dezembro estive no Rio de Janeiro. Me hospedei no Hotel Glória, o imponente de décadas e décadas. O glamour na arquitetura levantada em 20, que abrigou inúmeras festas de carnaval, me trouxe uma certa 'sensação mórbida', algo totalmente diferente e inesperado.
Ao atravessar a rua do Russel, local do hotel, fiquei reparando a altura do prédio e o complexo de quartos ali existentes. Por um momento, não sei por que, imaginei a cidade de New Orleans, nos EUA. Exatamente neste momento me veio a imagem do Charity Hospital destruído pelo furacão Katrina, em agosto de 2005.
Pensei: e se o Rio de Janeiro sofresse o mesmo com a chegada brusca de uma tempestade daquela proporção? O que seria do mais belo cartão postal da América do Sul? Atravessei novamente a rua e a sensação passou. Coisa macabra, não?

by Gustavo Ferrari

domingo, 23 de dezembro de 2007

Artéria, Escatologia e Pinophyta

Reprodução/Swarovski
Natal, época de confraternização, presentes, amigos secretos e redenção. Nós, pobres mortais, que brincamos o ano todo e pecamos, nesse período afinamos para Ele. É o nascimento de Cristo, nosso genitor.
Na Grécia Antiga, Sócrates dizia que a filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse suas limitações. "Conhece-te a ti mesmo" era seu lema. Para ele, a melhor maneira de abordar uma situação era o diálogo: por meio do método indutivo que denominou "maiêutica", numa alusão ao ofício de sua mãe, era possível trazer a verdade à luz. Assim, ele se voltava para os outros, quer fossem um adolescente como Lísias, um militar como Laques ou sofistas consagrados como Protágoras e Górgias, e os interrogava a respeito de assuntos que julgava saber.
Somos perdedores do tempo, do mundo, e vencedores da ganância, do trabalho rotineiro, das inimizades e do egoísmo pseudissimulado. O que queremos que apareça, deixamos livre aos outros. Caso contrário, escondemos invariavelmente a verdade.
Na Escatologia - parte da teologia e filosofia que trata dos últimos eventos na história do mundo ou do destino final do gênero humano, comumente denominado como fim - profetizamos, por meio de folclore, conceitos da Era Messiânica, como a pós-vida, a alma, o surgimento da modernidade infindável, etc.
O ensaísta inglês, Francis Bacon, exerceu posições elevadas em relação à escatologia. Utilizou embasamento primário para unir, entre capitalismo e religião, determinados preconceitos, que mais adiante seriam chamados de conceitos.
Para ele, o conhecimento e o saber são apenas um meio vigoroso e seguro de conquistar um determinado poder sobre a natureza. Assim, a mentalidade científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de realizações, entre elas, a genialidade de um ato nobre.
Em síntese, as artérias como vasos sanguíneos, que carregam sangue a partir dos ventrículos do coração para todas as partes do nosso corpo e se contrastam com as veias, modulam, além da irrigação vermelha, os passos de nossas intenções, gestos de tenacidade e ofuscam, como os pinus decorados que embelezam o Natal, nossos sentimentos, amargurando-os.
Já as sequóias da Califórnia são consideradas gigantes por sua altura e robustez, uma vez que chegam a medir mais de 100m de altura e podem viver mais de 3.000 anos. O exemplo da vida de Cristo, sem mentira, tristeza e solidão.

by Gustavo Ferrari

Raios...que me Ryan!

Queda brusca
Assim como Popeye necessitava de espinafre para 'encarar' uma briga, Ryan Gracie também utilizava 'suplementos' extras para 'assumir' sua postura agressiva diante de um combate. Vítima do que está sendo investigado como suposto 'erro médico', o pentacampeão de jiu-jitsu - morto na semana passada - recebeu overdose de medicamentos enquanto permanecia detido no 91º DP, localizado na região da Vila Leopoldina, em São Paulo. O coquetel, aplicado pelo médico Sabino Ferreira de Farias Neto, conteve drogas indicadas a pacientes que sofrem dos mais agudos surtos psicóticos:

Explosivos
Haldol (antipsicótico) - haloperidol, um neuroléptico do grupo das butirofenonas. Além da indicação para tratamento dos sintomas psicóticos, pode ser usado também para evitar enjôos e vômitos de qualquer origem, para controlar agitação, agressividade devido a outras perturbações mentais, ou ainda para tratar o distúrbio de Gilles La Tourette. Os efeitos sobre o sistema motor, como o enrijecimento muscular, a inquietação (dificuldade de ficar parado) e a vontade de ficar mexendo com as pernas, mesmo estando parado, assim como movimentos musculares (principalmente na face) são os principais efeitos colaterais. Dentre todas, a síndrome neuroléptica maligna é a mais grave e rara de todos os efeitos colaterais. Não pode ser usado em pacientes com doença de Parkinson, com problemas cerebrais orgânicos ou com alergias ao princípio ativo. Deve ser usado com controle em pacientes epiléticos.

Fenergan (antialérgico) - cloridrato de prometazina é um anti-histamínico de uso sistêmico que age em nível do sistema respiratório, do sistema nervoso e da pele. A prometazina é um derivado fenotiazínico de cadeia lateral alifática, que possui atividade anti-histamínica, sedativa, antiemética e efeito anticolinérgico. A ação geralmente dura de quatro a seis horas. Como um anti-histamínico, ele age por antagonismo competitivo, mas não bloqueia a liberação de histamina. É indicado no tratamento sintomático de todos os distúrbios incluídos no grupo das reações anafiláticas e alérgicas. Graças à sua atividade antiemética, é utilizado também na prevenção de vômitos do pós-operatório e dos enjôos de viagens. Pode ser utilizado, ainda, na pré-anestesia e na potencialização de analgésicos, devido à sua ação sedativa.

Topamax (antiepilético) - topiramato é um novo agente antiepiléptico, classificado como monossacarídeo sulfamato-substituído. Estudos eletrofisiológicos e bioquímicos em cultura de neurônios identificaram três propriedades que podem contribuir para a eficácia antiepiléptica do topiramato. É indicado, para adultos e crianças, como coadjuvante no tratamento de crises epilépticas parciais, com ou sem generalização subseqüente, crises associadas com a síndrome de Lennox-Gastaut e crises tonicoclônicas generalizadas.

Leponex (antipsicótico) - clozapina, um neuroléptico do grupo dos dibenzodiazepínicos. Tem como uso mais comum o tratamento de pacientes com esquizofrenia refratária aos neurolépticos antigos. Causa aceleração do ritmo do coração, tonteiras ao levantar-se, dores de cabeça, náuseas ou vômitos, desconforto abdominal, aumento do peso e sonolência, além do efeito de reduzir o número das células de defesa como mencionado acima. Pacientes com problemas imunológicos não devem tomar esta medicação; pacientes com epilepsia devem ter maiores cuidados.

Dienpax (tranqüilizante) - diazepam, um tranquilizante do grupo dos benzodiazepínicos. A principal finalidade de uso dessa medicação é o tratamento dos transtornos de ansiedade, sendo portanto necessários um diagnóstico e uma indicação feita pelo médico. Pode ser usado, desde que de forma limitada, para controlar a tensão nervosa devida a algum acontecimento estressante, mesmo que não exista um distúrbio de ansiedade propriamente dito. O principal efeito dos benzodiazepínicos em geral é o relaxamento. Como a ansiedade mesmo quando normal é um efeito desagradável, muitas pessoas sentem vontade de tomar este remédio sempre que se sentem tensas. Isto não é bom. É o primeiro passo para a dependência química.

Capoten (para pressão arterial) - Usado no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva, infarto agudo do miocárdio ou nefropatia diabética. Seu efeito anti-hipertensivo pode ser potencializado pela associação com diuréticos, nitratos e derivados da nitroglicerina e probenecida. Diuréticos poupadores de potássio, suplementos de potássio ou substitutivos de sal contendo potássio podem induzir o aparecimento de hiperpotassemia. Pacientes hipertensos ou com insuficiência cardíaca, principalmente em uso de diuréticos, nitratos ou vasodilatadores, dieta sem sal ou desidratação, poderão apresentar hipotensão arterial de grau variável e hipotensão ortostática. Deve ser usado com cautela em pacientes com função renal comprometida, estenose valvular aórtica e hipercalemia.

Ryan: exemplo no octagonal
Ao saber da mistura, três especialistas do Conselho Regional de Farmácia (CRF) fizeram um levantamento sobre as interações possíveis dos medicamentos. Os perigos apontados incluem desde intoxicação até riscos fatais.
O médico Sabino Ferreira de Farias Neto responderá a sindicância do Conselho Regional de Medicina (Cremesp). Se comprovada a falha, ele deve passar por um julgamento. Se condenado, pode receber penas que vão desde uma censura secreta até a cassação.

by Gustavo Ferrari

sábado, 22 de dezembro de 2007

Imbecis sufocados

Projeto Baleia Jubarte/Abrolhos
Uma ótima notícia neste sábado, véspera de Natal. Após semanas de pressão internacional, o governo japonês anunciou que desistiu de matar 50 baleias jubartes no Oceano Antártico, mas manteve os planos de caçar outras mil, das espécies minke e finn. As jubartes não eram caçadas desde a década de 1960 por ser uma espécie ameaçada de extinção. O Greenpeace comemora a desistência do Japão em matar jubartes mas continuará a pressionar o país a parar completamente a caça de baleias, hoje disfarçada de ‘caça científica’, usada para burlar a moratória à caça comercial.
O anúncio da desistência do Japão em caçar jubartes na Antártica acontece no momento em que governos e ambientalistas de todo o mundo pressionam o país pelo fim da matança de baleias no Oceano Antártico. A Austrália enviou um navio e um avião para monitorar a caça japonesa na região e ameaçou fazer um protesto diplomático formal com a participação de outros 20 países contra a matança de jubartes, por ser esta uma espécie ameaçada de extinção e protegida pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites).
A pressão internacional contra o Japão tem que ser intensificada para que o país desista de vez da caça às baleias. O governo japonês continua com planos de mais centenas de baleias no Oceano Antártico e há rumores de que pretende também construir um novo navio-fábrica, que mata, captura, retalha e embala a carne de baleia para venda no país. Essa nova embarcação teria três vezes a capacidade do Nisshin Maru, atual navio-fábrica da frota baleeira japonesa, e entraria em operação já no ano que vem.
O desenvolvimento tecnológico atingiu o Japão de tal forma que, acredito, deve ter causado 'embolia' cerebral em seus governantes. A falácia 'científica', ou melhor, a caça autorizada em nome da ciência é pura idiotice, ser queira para os leigos acreditarem ou simplesmente aceitarem, pacificamente. (Fonte: Greenpeace)

by Gustavo Ferrari

domingo, 16 de dezembro de 2007

O albergue de Roth

Reprodução

Sádicos milionários, que dão lances altíssimos para dilacerar e decapitar jovens. Essas é a proposta de Eli Roth e Quentin Tarantino com a sequência de "Albergue" (Hostel, no original).
Os dois filmes se passam em Praga (República Tcheca) e em uma antiga fábrica na Eslovênia. Jovens mochileiros, que buscam diversão no Leste Europeu, são as vítimas de ricaços doentios.
Mulheres bonitas, muita nudez e 'armas' de todos os tipos, como furadeiras, talhadeiras, serrotes e alicates compõem o cenário da 'destruição' sistemática da mente insana de Roth aos jovens 'turistas'.
O prazer pelo sofrimento, a agonia de quem está prestes a ser 'cortado em pedaços' e a magia de 'horror movie' fazem de "Albergue I e II" um dos clássicos do moderno cinema 'trash', sem ser enjoativo ou até mesmo horripilante.

by Gustavo Ferrari

Estética retrô

Reprodução
Como passa rápido uma boa literatura. Em 'Poéticas do Processo - Arte Conceitual no Museu', de Cristina Freire, lançado pela editora Iluminuras, a chama de conceitos ufanistas remonta o quebra-cabeça de teorias esteticamente modernas com o romantismo retrô, renovando o espírito de arte e interpretação visual.
À primeira vista 'Poéticas do Processo' parece enunciar um paradoxo. Como uma produção artística muitas vezes realizada pra ser transitória pode permanecer no museu? De que maneira a arte já chamada "desmaterializada" pode integrar uma coleção permanente?
Livros de artistas, fotografias, vídeos de endereçamento conceitual, arte postal, textos e projetos são o material que fundamenta a reflexão de Cristina Freire, que apresenta trabalhos de artistas como Regina Silveira, Júlio Plaza, Gabriel Borba, Artur Barrio, Anna Bella Geiger, além de Kryzysztof Wodiczko, Klaus Rinke, John Cage, Ben Vautier e Wolf Vostell.
Seria 'reviver' o passado em um presente automatizado, customizado e amplamente livre das noções globalizadas do tempo e da estética contemporânea.

by Gustavo Ferrari

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

'Projac' vai ao Maracanã para ver Police

PR/Maracanã
Estava pior do que oba-oba político. Salvo pelo enorme gongo Paiste de Copeland, o Police subiu ao palco às 21h30 em ponto, com verdadeira pontualidade britânica. Diferentemente dos ingleses, que são sérios, a produção carioca transformou a área vip do Palco Premium na subsede do 'Projac'.
Distante de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde gravam, os artistas globais estavam totalmente 'desglobalizados' no show. Tive a impressão de que muitos deles nem sabiam o que estavam fazendo no estádio.
Em "Message in a bottle", o jornalista Caco Barcellos, de 57 anos, permaneceu ao meu lado, rente à grade lateral do palco. Também é fanático pela banda. Mas, acredito que ele não viu o que presenciei. Ou fez de conta que não.
Entre "Synchronicity II" e "Walking on the moon", a segunda e a terceira música da noite, respectivamente, deu a louca nos artistas. André Gonçalves, que viveu o homossexual Sandrinho na novela 'A próxima vítima', de 1995, resolveu não usar a camiseta obrigatória do patrocinador (a cerveja Sol) e começou uma pequena confusão.
Dado Dolabella, com seu corte de cabelo reco, no estilo 'soldado', não parava quieto em seu lugar. Desfilava de ponta a ponta com sua nova namorada, a modelo Eliza Joenck.
Com "Don't stand so close to me", o Police agradava os fãs, e a ferveção na área global continuava. Enquanto tomava mais um gole de cerveja, notei um enorme nariz à minha frente. "É o Luciano Huck", respondeu a garota que estava próximo de mim. E era mesmo. Estava acompanhado da esposa Angélica "Vou de Táxi". Fiquei sabendo que ele havia empurrado uma repórter-fotográfica do jornal "O Dia", mas não vi a cena. Uma pena!
No palco, Sting detonava "Truth hits everybody", música que ouço bastante na versão mais rápida do Pink Cream 69. Foi a vez de aparecer Bruno Gagliasso e outras meia dúzias de carinhas novas. "Ai, são os atores da malhação", prosseguiu uma garota.
O efeito visual do show me agradava, mas não aos artistas. Era um empurra-empurra notável. Em "Wrapped around your finger", música lenta e sentimental, a bateção de papo alto continuava. Ninguém da área estava a fim de ver o show, só de circular por ali e claro, posar para as lentes dos fotógrafos.
Quarentonas também estavam no estádio. Alexia Dechamps e Paula Bulamarqui circulavam entre as novatas. Tenho a certeza de que elas não sabiam cantar um refrão inteiro do Police, que no momento executava a belíssima "Can't stand losing you", com detalhe para o solo emendado de Summers à "Regatta de blanc".
No final do show, bebendo cerveja quente, notei que os 'desglobalizados' estavam em número reduzido. Fiquei pensando: será que os fotógrafos foram embora? Sting cantava "King of pain" e o público, inclusive eu, viajava na música.
As duas faixas finais, "Every breath you take" e "Next to you", assisti da boca do túnel, na entrada do gramado, sentido à rampa externa do estádio.
Ao término do espetáculo deixei o Maracanã com várias sensações: 1º- bandas iguais ao Police são raras hoje em dia (e olha que sei o que estou falando); 2º- os cariocas são muito folgados (e não gostam de trabalhar, como os taxistas); 3º- o Rio tem mulheres pervertidas (iguais as que vemos nas novelas); 4º- muitos atores globais são feios vistos de perto (inclusive muitas atrizes que são belas na TV); 5º- a beleza do Rio de Janeiro é mais imponente vista à noite.

by Gustavo Ferrari

Mensagem de Amor


Passava das 20h quando o Paralamas do Sucesso subiu ao gigante palco do Maracanã para iniciar a apresentação que abriria o show do Police no Brasil. Hebert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone apareceram com um integrante inusitado: Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura.
"Vital e sua moto", a faixa de abertura, empolgou os cariocas, mas não os paulistas, que estão acostumados com peso e barulho. "I, deu mole", ouvi uma loirinha, provavelmente do Rio, pelo sotaque que exibia, dizer a uma amiga que estava na fila para comprar cerveja Sol. "Empolgante", respondeu a outra.
A segunda música, "O calibre", continuou não empolgando. Mas, era visível a excitação do público nas arquibancadas do estádio. "Vai lá, Hebert", dizia outra garota carioca. Alias, mulher era o que não faltava no Maracanã. Fiquei pensando: se em Sorocaba existem sete mulheres para cada homem, pelo que notei no Rio esse número dobra facilmente.
Em "Óculos", que também não me contagiou, Vianna fez um trocadilho com "Por trás dessa lente tem um cara legal", do refrão, e disparou: "Em cima dessas rodas também bate um coração". Fiquei angustiado, pois desde o início malhei o grupo.
A redenção no palco veio com "Mensagem de Amor", do álbum "O passo do Lui", de 1984. Totalmente diferente da versão original, que é lenta, a música pesou em mim. Kisser, literalmente, conseguiu transformá-la em rock, para minha satisfação. Foi o que salvou a apresentação e acabou me emocionando. Duas baixas: "Meu erro" precisou ser refeita (um dos músicos atravessou a entrada) e o som estava sem reverberação.

by Gustavo Ferrari

Muvuca!


Vida de repórter não é fácil. Até mesmo em um final de semana totalmente de folga, que tirei para viajar, conhecer pessoas novas, me hospedar num belíssimo hotel, desfrutar da 'Cidade Maravilhosa' e assistir a banda que adoro desde os 12 anos - sim, falo do Police - fui obrigado a me virar para registrar fatos, fotos e confusão para o blog.
Valeu!!!

by Gustavo Ferrari

Lula tumultua 'check in' no Glória

Gustavo Ferrari/Hotel Glória
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu tumultuar o ambiente familiar do Hotel Glória, Rio de Janeiro, no último sábado. Sua estada rendeu oficiais do Exército, Marinha, batedores da polícia e até mesmo o Batalhão de Operações Especiais (Bope).
A lamúria de sua comitiva naquela localidade tinha um motivo, é claro: Lula convocara a imprensa para informar, oficialmente, o repasse de R$ 12 milhões à Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Que belo presente de Natal com o dinheiro do povo brasileiro. Será que tem a ver com a votação da CPMF nos próximos dias?
O interessante é que o 'check in' no Hotel Glória, que no passado fora um dos mais belos e glamorosos do mundo, cuja diária atual custa R$ 400, demorou mais de três horas para ser efetuado.
Fãs do The Police, como eu, tiveram que esperar a vossa excelência descer do 3º andar (onde recebeu a mídia) para que os hostess do Glória liberassem a entrada de novos hóspedes.
O pior foi tentar se acomodar no hall de entrada frente às inúmeras malas e sacolas de toda a comitiva, composta de 12 agentes federais, seis assessores de imprensa e quatro motoristas, fora os puxa-sacos da politicagem.

'VAMOS FUGIR'

Gustavo Ferrari/Hotel Glória

O estranho foi me deparar, cara a cara, com o ministro da Cultura, Gilberto Gil. Similar à figura do 'Predador' - o canibal do filme oitentista de Arnold Schwarzenegger - Gil não queria saber de intimidades.
"Painho, venha aqui", gritou uma tiete para o músico no hotel. "Vou não", respondeu o baiano, correndo dos fotógrafos. O pior é que a saída foi exaustiva para o político. Literalmente 'fechado' pela imprensa no tapete vermelho do Glória, Gil resmungou: "O presidente já falou! Preciso ir embora para o aeroporto".
De óculos escuro tipo 'marimbondo', o responsável pelas verbas federais da cultura ainda se queixou do motorista que foi buscá-lo: "Tô cansado de esperar".

SORRISO MAROTO

Gustavo Ferrari/Hotel Glória
Quem estava feliz da vida no Glória era o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). Após o anúncio do repasse de R$ 12 milhões do Governo Federal para o Carnaval de 2008, o político destacou: "Faremos o maior espetáculo da Terra no próximo ano".
O governador deixou o hotel rumo à Base Naval da Marinha, na Baía de Guanabara. Ao lado do presidente Lula, iria condecorar os militares recém-formados em seu território.

by Gustavo Ferrari

Confusão virtual

Gustavo Ferrari/Galeria do Lago
Imagens que propõem reflexões sobre a própria noção de imagem e que favorecem a produção de imagens mentais é a idéia do artista sul-coreano Shin II Kim ao revelar, em 'In Between', questões sobre a tenuidade entre a existência e não-existência, presença e ausência.
A mostra do artista fica exposta até 10 de Fevereiro de 2008 na Galeria do Lago, no Museu da República, Rio de Janeiro. Shin II Kim, segundo a curadora da galeria, Daniella Géo, levanta por si só problemáticas do campo das artes visuais e traça noções de espaços surreais como elementos fundamentais da linguagem, estimulando a formação de imagens.
A interação entre sua obra completa a própria idéia do preenchimento da imaginação como pressuposto para interpor a composição de um espaço vazio gerado pela consciência da participação do expectador que o observa.
O artista utiliza, na introdução de movimentos artísticos, novas perspectivas para o mundo da arte, baseando-se na alteração da materialidade como conceito pós-moderno para sacramentar sua invisibilidade.

by Gustavo Ferrari

As miudezas de Nhozinho

Gustavo Ferrari/MBA
Sábado passado tive o prazer de conhecer as obras do artista maranhense de Cururupu, Antônio Bruno Pinto Nogueira, o Nhozinho, falecido em 1974. Parte de sua obra, expressa através da arte esculpida em madeira no formato de miudezas, permaneceu exposta no Museu de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Homem singular do agreste maranhense, Nhozinho esculpia a alegria festiva de seu povo através da cultura nordestina da Roda de Boi, do Brincante Rajado, do Pai Francisco e do eternizado Bumba-meu-boi.
Desconhecido do grande público, suas imensas miudezas estão espalhadas pelo país em coleções inéditas. "A tarefa afetiva de Nhozinho parece ter sido inverter o sentido de toda rejeição e limite", destacou Paulo Herkenhoff, diretor do museu.

by Gustavo Ferrari

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A cátedra de Apolo - Ato I: Virtude

Reprodução
Em Gênova, na região da Ligúria, Itália, Franz Amün, um agitado cirurgião dentista aposentado interfere ferozmente na vida de sua filha caçula, a pequena Ziléia. O senhor de 84 anos pretende casar a filha, de 17, ainda no período fértil da nova safra de uvas que acabara de colher em sua gigantesca parreira.

O sonho de Ziléia é Astor, filho de Tehar, um dos jovens mais ricos do norte de Maranello, na região de Emília-Romanha, na província de Modena. A pequena Amün pretende se entregar a Astor ainda neste ano, quando completa a maioridade. Sem o apoio do esposo, Keandra, a mãe da moça, busca forças para fazer da vontade da filha uma realidade concreta.

Entre Gênova e Maranello, o promíscuo Conrado, de 21 anos, teima em desafiar o padrastro Liaca, na província de Rimini. "Se Alexis de Tocqueville conseguiu a democracia idealista no sul da França, não será um débil como você que irá impedir minha felicidade frente aos gracejo de Ziléia", disparou o mascate, que também ama a moça.

No pensamento de Liaca, o enteado não suportaria a viagem até Gênova, principalmente a travessia entre as monhantas de Forli-Cesena. Tampouco seria capaz de realizar o translado em cima de um burrinho, que só não era mais vagabundo do que a carga por se fartar de boa alimentação.

François, o enrustido, como era conhecido no castelo da família Amün, era o único que fazia as vontades 'nefastas' do patrão. Costumava guardar em um cofre de cobre todo o perfume que Franz mandava buscar em Toulouse, na Alta Garona, sul da França. "Monsieur Amün: a pobre Ziléia precisa namorar, monsieur. Não é justo uma moça quase adulta, bonita, ficar trancada enquanto vossa senhoria a mantém casta", disse o mordomo. "Cuida da sua vida, se nem o prato de comida te darei mais neste castelo", rebateu o cirurgião dentista.

Sem o apoio moral de seu pai e a ausência premeditada de Keandra, sua mãe, Ziléia decide procurar, na feitiçaria aprendida nas aulas de Alquimia, a solução para deixar a vida de 'princesa' sem liberdade e encontrar a libertinagem que tanto pulsa em sua corrente sanguínea, seja com Astor ou com Conrado.

by Gustavo Ferrari

A cátedra de Apolo - Ato II: Santeria

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"Asta na regla de ocha...vamos, vamos, me dê o poder necessário para usurpar o trono de meu pai e fugir pela porta da frente deste palacete", suplicou a moça em frente ao espelho, que refletia a cor lilás das longas cortinas de seda que decoravam o grandioso quarto.

Quando aprendeu a tocar Wolfgang Amadeus Mozart no colégio das freiras Santa Clara, em Moranello, Keandra não imaginou que um dia fosse parir quatro filhas admiráveis. "'Haffner', a sinfonia número 35, sempre me acalmava quando precisava espairecer a cabeça. Veronika, a mais velha das belas, adorava. Cresceu ouvindo a sonata perfeita do austríaco. Agora, acredito que ela nem se lembre mais disso. Só quer saber de fazer filho", disparou a mulher à François, que a ouvia pacientemente.

Quando Franz a conheceu, no Café de La Musique, no inverno de 1933, em Paris, a 'zenóbia arcana' se apaixonou de imediato. No entanto, para casar, Ingo, o pai de Keandra, solicitou ao dentista que a levasse para morar na Itália. Não queria que o genro usufruísse da coleção de Dom Pérignon Brut que guardara desde os 28 anos.

"Me guias en tu ombro...chita", resmungava Ziléia em seu quarto. O vodu parecia funcionar. Ela estava se sentindo melhor e preparada para encarar o poderoso Amün. Queria fugir até Rimini para encontrar o tão amado Conrado ou torcia para que Astor a levasse.

"Consegui, consegui", berrava a moça. Radiante de felicidade, Keandra não acreditava no que estava vendo. "Como você bolou isso, minha filha? Se teu pai descobrir, eu e você já éramos daqui. Seremos alimentos para Keun. Sabes disso", bocejou sua mãe. "Calma, peraí. Tu achas que sairei assim, sem nada?", retrucou Ziléia.

Era a primavera de 1966. No castelo, o Beach Boys fazia o maior sucesso na vitrolinha da moça, que só desligava no momento do almoço ou da janta. Mas, sabia Franz, o temido, que a filha conseguira juntar o quebra cabeça montado para prendê-la no quarto. Assim, a chance de fuga antes do verão se tornava iminente e em vias de acontecer. Não seria uma coisa consentida.

by Gustavo Ferrari

A cátedra de Apolo - Ato III: Solstício

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Enquanto calculava uma forma de enganar o patrão, François tentava, ao mesmo tempo, fazer as vontades de Keandra e ajudar a jovem Ziléia a seguir em busca de sua paixão. "Isto está parecendo tragédia grega de gente indecente", pensou.

Keun, o urso capturado por Amün às margens da Baía de Hudson, no norte do Canadá, em 1954, era dócil apenas quando desejava. Seus molares eram capazes de estraçalhar desde pequenos rochedos...até mesmo Ziléia. "Se conheço bem meu esposo, irá deixar o pobre animal solto para impedir a saída da caçula", coxixou Keandra ao mordomo.

De fato, a jovem percebera que o pai faria de tudo para impedir sua partida. Mas, a moça não fazia idéia do que o poderoso Amün seria capaz de criar para que seu plano não funcionasse. "Tenho de bolar algo antes do anoitecer", resumiu a aprendiz de fugitiva em um pergaminho.

Conrado tentava convencer Liaca a emprestar a carruagem para buscar a amada atrás da montanha. "Nem se tu conseguires passar por cima de mim", gritou o último clã dos Zanella, uma aguerrida família que viveu em Gênova no século XVII. "Mas 'papai', quero muito encontrá-la. Prometo que voltarei", respondeu o rapaz. "Cala-te boca ou te arrebento aqui mesmo", gritou o padastro. Astor encarava o mesmo constrangimento.

As tentativas de fuga, em vão, seriam supridas com a presença de Cassandra, a tia de Ziléia, especialista em romances efêmeros e cretinices. A ex-teatróloga madura estava para retornar à região da Ligúria ainda na Primavera. Quando soube, Ziléia caiu aos prantos.

"Sabes que ela será tua aliada. Por que o choro, minha jovem?", perguntou, usando a sua costumeira falsidade, o magrelo François. "Tenho medo que a titia Cassandra roube o meu Conrado ou ame o meu Astor", retrucou Ziléia. "E desde quando você gosta de homens bonitos?", perguntou novamente o mordomo. "Desde que vi em você a feiura humana", berrou, enraivecida, a pobre moça.

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A cátedra de Apolo - Ato IV: Limbo

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Era noite quando Cassandra adentrou ao palácio. "Vejo que estás mais bonita, mademoiselle", ironizou Franz Amün. "Já eu vejo que tu estás mais velho, corcunda e careca", sorriu a eterna 'modelo' napolitana. "Ande, vamos, François. leve tudo isso para cima e arrume o quarto da nossa querida Cas", ordenou Keandra.

Cas era apelido de Cassandra desde a infância. Ziléia preferia chamá-la sem intimidades. Sabia que a mulher não cheirava a uma boa flor. "Como vai titia, fez boa viagem?", perguntou a sobrinha. "Claro que fiz, sempre faço. E você, como estás?", questionou a moça, notando que algo não se encaixava naquele momento. "Indo", respondeu secamente.

Na manhã seguinte, Ziléia não apareceu para tomar o café matinal. "Vá buscá-la", gritou Franz a François. Quando se deparou com a enorme porta de Angelim, madeira importada de Recife, no Brasil, o magrelo percebeu que a jovem não estava no quarto. "E agora?", pensou, sabendo que um problema enorme acabara de acontecer.

"Não encontrei vossa filha, senhor", disse o mordomo ao patrão. A mesa balançou. "Mas, como?", tremeu o dono do castelo. "Ela não está lá, senhor. Procurei em todos os cômodos do quarto e nada, nadinha dela", respondeu François. "Coloque sua capa e traga um cavalo extra. Vamos encontrá-la", gritou Amün.

Passava das 17h quando Ziléia começou a chorar de emoção. O sorriso estampado meio às lágrimas demonstrava a felicidade da moça em cavalgar sentido a Rimini. Cassandra, sua tia, facilitou a saída do castelo. Só não sabia que Franz, seu cunhado, seria capaz de matar Keandra, sua irmã, pela fuga da filha.

Ao ver o assassinato, François foi para cima do patrão. A garrafa quebrada, usada para matar a mulher, era, de fato, uma verdadeira arma branca. "Pare, senão te mato aqui mesmo", resmungou Franz. Sem titubear, o mordomo tascou uma mordida no pescoço do cirurgião e bebeu todo o sangue que escorria. "Pelo menos viverei mais um século. E em paz, sem ninguém para me aborrecer", comemorou o magrelo.

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