sábado, 21 de novembro de 2009

Malta intima Renna a depor em audiência pública

Emídio Marques/CPI da Pedofilia vai à P2 em Sorocaba
Calado. Foi assim que o engenheiro Januário Renna portou-se diante do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, senador Magno Malta (PR-ES), ontem à tarde, durante encontro com promotores e delegados na penitenciária 'Antonio Souza Neto', a P2, em Aparecidinha.

O parlamentar intimou o ex-secretário de Administração da Prefeitura de Sorocaba a participar de uma audiência pública, programada para acontecer entre os dias 9 e 10 de dezembro, na Câmara Municipal, sob a condição de que se cooperar com os trabalhos desenvolvidos pela comissão (com denúncias de crimes), poderá obter benefícios da lei (delação premiada).

A 'reunião' na P2 durou duas horas. Renna não disse sim nem não. Informou às autoridades que pretende discutir o assunto com o seu advogado, o criminalista Mário Del Cístia Filho, e com a própria família, para depois se posicionar. Porém, ouviu de Malta que uma nova lei, a ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em dezembro, que concede 30 anos sem progressão de regime para o pedófilo e rastreamento eletrônico até a morte, pode contribuir para atenuar as penas, caso venha a ser condenado pelo juiz Hélio Villaça Furukawa.

"Disse a Renna que se ele entregar setores da sociedade (referindo-se a pedófilos), que possa mudar a vida de São Paulo, já é um ganho muito grande para todos. Ele ficou calado durante o encontro, mas agradeceu a vinda da CPI. A conversa do acordo (delação premiada) tem de ser feita antes da sentença. Coloquei todos os direitos e benefícios da lei e ele ficou de estudar", destacou Malta. Para Mário Del Cístia, "Renna não é pedófilo".

A comitiva chegou em Salto às 11h. Lá, o presidente da CPI, ao lado da psicóloga judiciária Tatiana Hartx, ouviu, durante quatro horas, as nove meninas que teriam sido vítimas dos abusos de Renna, no Conselho Tutelar. Todas colaboraram e confirmaram os fatos contidos nos dois volumes do processo, que corre na 2.ª Vara Criminal de Itu.

"O processo está muito bem conduzido pelo Ministério Público. Vim para cá balizar o comportamento da CPI daqui pra frente. Entendemos a denúncia e, agora, precisamos tomar atitude a partir do depoimento das crianças; para isso, trouxemos a psicóloga judiciária, que ouviu-as aqui, para que não fossem levadas a Brasília", ressaltou o senador.

Perícia

Malta interessou-se pelo resultado da perícia feita nos computadores de Renna, que ainda não está concluído. Ele acredita que até a segunda semana de dezembro, entre os dias 9 e 10, novas provas contra o ex-secretário surgirão.

"A perícia dos computadores oferece duas coisas significativas, entre elas a criminalização da posse, que é uma lei recém-sancionada. Havendo material pornográfico no computador, o réu pode pegar até oito anos de prisão. Se for comprovado que ele (Renna) postou material pornográfico de fotos que mesmo fez, a tipificação de conduta do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) diz que a pena dobra para mais oito anos. Só aí serão outros 16 anos de prisão", argumentou.

De acordo com o parlamentar, "ninguém desequilibrado e dopado conquista tanta menina em um dia só e leva três, quatro, para o motel". Por isso, não descarta a possibilidade de haver, na região de Sorocaba, uma rede de pedofilia.

"A minha experiência pessoal diz que na tipificação de crime organizado, duas ou mais pessoas se reúnem para cometer o delito. Dessa forma, ninguém é pedófilo com um grupo significativo de crianças e adolescentes sem ter ajuda de alguém", sustentou.

Crimes pela web

Segundo o presidente da CPI, o Brasil é recordista em crimes de internet, e está entre os três 'maiores abusadores do Planeta'. "Aqui (em Salto) foram detectadas essas crianças do mesmo bairro (Jardim das Nações). Em Catanduva passam de 80 no mesmo bairro (crianças do acusado de pedofilia Zé da Pipa). O que fica de pedagógico nessas revelações é a mesma coisa que nos envergonha. Há a necessidade de agirmos, muito rapidamente, para que o Poder Público cumpra o seu papel e se levante como cooperador no sentido de fazer a sociedade cumprir o seu. Políticos, polícia, Ministério Público, Conselho Tutelar... Todos agem com a porta arrombada, pois já houve o crime, já teve criança abusada, já tem criminoso para prender, denunciar, sentenciar. Não é disso que precisamos e não é isso que vai resolver o problema social. Precisamos de um comportamento em que a família se compenetre com sua responsabilidade. E criação de filho é responsabilidade de pai e mãe", ao referir-se a novos casos diários que surgem de pedofilia no país.

Cooperação

Para o senador, o Poder Público pode ser o cooperador no combate à pedofilia, no sentido de se fazer multiplicador do comportamento preventivo, ao mesmo tempo que multiplicador no sentido de socorrer a sociedade às suas necessidades "mais gritantes num momento como este".

"Tem muita gente, de forma sacerdotal, cumprindo um papel do Estado, que não faz por que não sabe fazer e não deve se meter. O Estado poderia ser cooperador e chamar essa gente para dentro, para que fossem parceiros, como as ONGs, igrejas (que recupera drogados, viciados em crack), pastorais (pegando meninas prostituídas, pois não se tem prostituição infantil, mas sim criança levada para a prostituição). Por isso, argumento de defesa de pedófilo não presta e não vale. Não existe criança prostituta. Alguém conduziu, induziu. Se a mãe ou o pai favoreceu, precisa ser punido. Isso está na lei", acrescentou.

Como lembrou, há um ano e sete meses "ninguém sabia a dimensão dos crimes de pedofilia no Brasil. Tinha a certeza de que era um monstrinho... A sociedade acordou e justamente esse acordar é que me traz aqui, pois temos um caso emblemático. Hoje, ela (sociedade) fala, denuncia, não tem mais medo de entregar e não quer saber de convivência com pedófilo. Não dá para fazer um discurso na Tribuna do Senado e não correr para ajudar as famílias. Salto é tão difícil e problemático como outras regiões do país", concluiu.

by Gustavo Ferrari

domingo, 8 de novembro de 2009

Cruzeiro ganha 3 prêmios de direitos humanos

Aldo V. Silva/Premiação de sexta
O primeiro e segundo lugares da categoria Jornalismo Impresso do 9º Prêmio Jornalístico ASI/Schaeffler Group de Direitos Humanos foram vencidos por profissionais do Cruzeiro do Sul, de Sorocaba/SP. A repórter Telma Silvério venceu a categoria Jornalismo Impresso, com a reportagem 'Marcas Nazistas na Região'. O segundo lugar da mesma categoria foi conquistado pelo repórter Gustavo Ferrari, com a matéria 'Estudantes pulam catraca de ônibus e acabam na delegacia'. O terceiro lugar foi na categoria fotojornalismo, com imagem de Bruno Cecim, que ilustrou a matéria 'Marcas Nazistas na Região'.

Na opinião do editor responsável do Cruzeiro, Eugênio Araújo, o prêmio jornalístico é importante porque valoriza o trabalho da imprensa e incentiva a prosseguir com apuração e denunciando as afrontas contra os direitos humanos. "A premiação dos profissionais significa que estamos trabalhando bem em defesa dos direitos humanos, tanto com as imagens como com textos", declarou o editor responsável.

Quanto ao primeiro lugar, Araújo afirmou que foi um trabalho de jornalismo e pesquisa, e tão importante quanto a conquista do prêmio foi o fato de a revista alemã Der Spiegel ter feito uma edição especial mostrando os remanescentes da fazenda nazista, ao tomar ciência da reportagem do Cruzeiro. "Foi um reconhecimento internacional", enfatizou.

A jornalista vencedora da categoria jornalismo impresso, Telma Silvério, disse que a premiação é importante como reconhecimento de um trabalho que teve muita repercussão quando publicado. Citou que pessoas de outros estados entraram em contato ela por causa da reportagem. "Não é todos os dias que podemos contar uma história como essa. Escrever sobre o principal personagem da reportagem já foi um prêmio", frisou.

A presidente da Associação Sorocabana de Imprensa (ASI), Sandra Virgili, disse que a premiação tem o objetivo de valorizar principalmente o jornalista e não só o veículo de trabalho. Acrescentou que, por meio do prêmio, a ASI reforma um cenário mais democrático. "Valorizamos o profissional sério que não se contenta apenas com uma versão", ressaltou, explicando que uma reportagem deve ter vários depoimentos que façam com que leitor tenha acesso a uma diversidade de opiniões.

Simbora em Si sorrisus

Libertas quae sera tamen/Gustavo Ferrari
Mel, ácido, lacrimeja os olhos esperançosos que exprimem sentimentos arrestados em torno de uma paixão inacabada, remanescente de desejo. Um sonho realçado, imaculado, desperto nas figuras horizontais, alicerçado no amor.

Azulejo realça a cor turquesa dos mesmos olhos esperançosos, que continuam brilhando sem lágrimas derramadas. O frescor de alivio renova a beleza, rara, que finge não existir, se não soubesse o quão grande era tal paixão, indeclarada.

Fogo aceso inflama os sentimentos fervorosos, contribuídos por um reencontro, interminantemente prazeroso, entrelaçado de descobertas e, voluptuosamente, encantado de felicidade.

Os mesmos que eram continuam sóbrios. Falo do carinho, do afeto, da vontade do reatamento. Água refresca o (re)encontro poético do brilho, da seiva que transcende alegria, doce pacificidade.

Cruzado em versos, o sorriso que assim expressa o querer e o gostar envolta a ampla e clara certeza do absoluto destino. Sobriedade que ficou indica o traje, belo, do amor. Simbora, Sissi, em intermináveis sorrisos.

by Gustavo Ferrari

domingo, 1 de novembro de 2009

2 anos e 111 mil acessos


O Blog do Guga comemorou, no mês passado, dois anos online e mais de 111 mil acessos, segundo registro do SiteMeter. Sigo em total reflexão, em sintonia com a poesia do mestre Vinicius:

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces; porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto, e em minha voz a tua voz.

Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados; para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada, que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.


Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite; porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.


Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço, e eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos, mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada".

Ausência.

by Gustavo Ferrari