segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um fardo na educação

Mochila pesada é prejudicial
Diariamente, crianças e jovens estudantes deslocam-se às escolas ou colégios carregando seus respectivos materiais. Na mochila, a maioria das vezes com um peso incompatível à estatura do aluno, livros, cartilhas e cadernos estão entre as ferramentas de trabalho em sala de aula. Tal carga parece-me totalmente evitável, pois poderia estar guardada em armários no próprio estabelecimento de ensino.

Os alunos que precisam caminhar até sua escola executam o trajeto de ida e volta com as mochilas nas costas, ou seja, carregam quilos extras para estudar. É desumano. Além do peso do transporte do material fora da escola, sujeito a assaltos, as mochilas ficam ‘no chão’ da sala de aula, atrapalhando a circulação e suscetíveis de serem vandalizadas ou ‘saqueadas’. Deveria haver armários para todos os alunos, em todas as escolas; deveria haver balanças para aferir o peso das mochilas, em todas as escolas, coibindo-se o sobrepeso.

Em 11 de junho de 2010, propus uma lei, a de número 9.160, que obrigava a Rede Municipal de Ensino a oferecer armários individualizados, destinados à guarda de pertences e material escolar dos alunos do ensino fundamental e médio de Sorocaba. O prefeito Vitor Lippi (PSDB), infelizmente, entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), no Tribunal de Justiça de São Paulo, travando o que seria benéfico aos estudantes.

No que tange a essa questão, tenho um posicionamento crítico contra a Rede Municipal de Ensino, que simplesmente ignora o problema, transformando nossas crianças, os jovens, em verdadeiros instrumentos de carga da própria educação. É inconcebível, em pleno ano de 2012, assistir tais situações servirem como exemplo da má administração.

O compromisso com a educação não pode e não deve ser somente dos pais, dos professores, dos governos. É preciso pensar adiante, preocupando-se, inclusive, com o bem-estar físico das nossas crianças, dos jovens. Para haver uma má postura física, basta começar pelo peso excessivo, turbinado pelo translado ao local de ensino, muitas vezes a quilômetros de distância.

A falta de políticas públicas proativas na educação é o escopo de um ensino falido, retrógrado, desestimulante. E provocar esse questionamento em sua funcionalidade, visando uma estrutura capaz de oferecer comodidade e facilidade aos alunos, é um dever de todo homem público. Convoco um debate pelo fim desse fardo na educação.

by José Crespo, vereador em Sorocaba, SP, advogado, engenheiro e professor universitário

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Uma decisão irresponsável

Vereador José Antonio Caldini Crespo (DEM)
A Prefeitura de Sorocaba ofereceu ao Estado de São Paulo um terreno no km 106,9 da rodovia Raposo Tavares, às margens da pista interior-capital, localizado no bairro Ipanema do Meio, na Zona Oeste, com 37,2 mil metros quadrados, para a construção do segundo Hospital Regional. Para viabilizar isso, um projeto de lei foi deliberado e aprovado pela maioria dos vereadores na Câmara Municipal, na última terça-feira.

No entanto, esse terreno, que abrigará o “novo” Hospital Regional, é vizinho ao local onde será erguido o Centro Olímpico de Sorocaba, um investimento federal, que será administrado pela UFSCar. Uma espécie de Arena Multiuso. Assim, teremos, lado a lado, enfermos que precisam de silêncio, repouso absoluto, e atletas que desenvolvem a prática de atividades esportivas de forma competitiva, profissional. Em suma, o bairro Ipanema do Meio será palco de práticas totalmente distintas.

A intenção do Estado, conforme adiantou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) à imprensa, é começar as obras, cujo investimento anunciado será de R$ 70 milhões, no segundo semestre deste ano. O funcionamento da unidade está previsto para o final de 2013.

Vejo nessa atitude da Prefeitura uma verdadeira irresponsabilidade. O local a abrigar esse “novo” Regional, além de ser totalmente inadequado, devido aos ruídos que incomodarão aqueles que ali estiverem – provocados pelo ‘vizinho’ Centro Olímpico -, trará sérios desconfortos não só aos pacientes ou pessoas acamadas que procurarão o hospital, mas também aos profissionais da saúde que trabalharão na unidade.

Como vereador, ressaltando que votei contra a aprovação desse terreno para tal finalidade, questiono os critérios adotados pelo Executivo à aquisição dessa área. Por que não desapropriar um local que possua uma metragem semelhante, em regiões que estão em franco desenvolvimento na cidade, como a Zona Norte, por exemplo? Não seria difícil encontrar uma determinada área nas adjacências da avenida Itavuvu, num bairro como o Habiteto. Além disso, a maior parte da população que carece de uma unidade hospitalar reside nessa região.

Sem possibilitar uma consulta popular, promovendo audiências para debater a questão, a Prefeitura de Sorocaba simplesmente impôs sua vontade, ratificada pelos vereadores que entenderam a necessidade de se construir uma nova unidade hospitalar na cidade para desafogar a já existente, porém, em área inadequada. Faltou, no mínimo, bom senso para isso.

by José Crespo, vereador em Sorocaba, SP, advogado, engenheiro e professor universitário

sexta-feira, 6 de abril de 2012