Aldo V. Silva/Relatos que chocam a sociedade
O semblante tristonho no rosto de L., 9 anos, não esconde as marcas de uma situação que os próprios pais querem esquecer. Matriculada no ensino fundamental da Escola Municipal 'Professora Lea Edy Alonso Saliba', no Jardim Marcelo Augusto, Zona Norte de Sorocaba, a criança disse ao Cruzeiro do Sul que tem sofrido abusos há alguns meses no banheiro masculino, localizado dentro da unidade.
Na última sexta-feira (3), uma calça contendo marcas de sangue na parte traseira foi entregue pela família a conselheiros tutelares. Um boletim de ocorrência foi registrado no Plantão Policial Norte. Hoje, exames foram realizados no menor pelo Instituto Médico Legal (IML); a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) investiga o caso.
Segundo a mãe da criança, a dona de casa R., de 35 anos, os abusos foram relatados à diretora da escola, mas nenhuma providência havia sido tomada. "Não aguentávamos mais. Quando percebemos o sangue na calça, decidimos procurar a polícia", relatou. Conforme o pai do menor, o catador de papelão R., de 34 anos, o estudante "mudou muito de uns tempos para cá". Ele afirmou que o filho "chora constantemente", e que a diretora da escola "acoberta" os fatos.
À reportagem, a criança informou que costuma ir ao banheiro da unidade de ensino com "dois amiguinhos". Lá, segundo disse, "uma pessoa pede para abaixar a calça" e a toca. Sem citar nomes, o menor afirmou positivamente com a cabeça quando questionado se a tal pessoa era mais velha do que ele e se trabalhava na escola. "Meus amiguinhos de classe participam", acrescentou. Os abusos acontecem no momento do recreio.
Secretaria desconhece
A Secretaria de Educação da Prefeitura de Sorocaba (Sedu) ressaltou - via assessoria de imprensa - desconhecer a situação. Segundo a Secretaria de Comunicação (Secom), a própria secretária Teresinha Del Cístia irá tomar as providências cabíveis. Quanto ao fato de a calça do menor apresentar as marcas de sangue, a Sedu também alegou desconhecimento.
Para a Secom, essa é a primeira vez que a Pasta tem conhecimento de algo dessa natureza na Rede Municipal de Ensino. Os pais da criança não querem levar o estudante à escola. "Os próprios conselheiros nos recomendaram isso. Meu filho está assustado", finalizou a dona de casa R.
by Gustavo Ferrari