Paulo Roberto Anickel/Divulgação
Assíduos freqüentadores do Rio Sorocaba desde que os peixes ressurgiram em suas águas, após quase três décadas de desaparecimento, os amigos Paulo Roberto Anickel e Mauro Luiz Pedro tiveram uma surpresa na tarde de ontem, quando "lutaram" para
retirar da água uma carpa de 15 quilos, nas proximidades do Centro Esportivo "André Matiello", no bairro de Pinheiros, em Sorocaba.
Praticantes da pesca caipira, aquela com a utilização de vara de bambu e minhoca como isca, os dois pescadores explicaram que estão habituados a 'pegar' espécies como curimbatá e traíra naquele trecho do rio, "mas uma carpa com esse tamanho, realmente foi a primeira vez", destacou Anickel, que precisou da ajuda do amigo para retirar o peixe fisgado no seu anzol.
De acordo com o biólogo do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae), Reginaldo Schiavi, a carpa pescada na última terça-feira não é uma espécie nativa do Rio Sorocaba, pois foi introduzida no seu leito, mas outras espécies próprias de suas águas voltaram também a aparecer, como o lambari, bagre, traíra, tabarana e piava.
O biólogo da autarquia lembrou que o ressurgimento dos peixes é mais um reflexo do Programa de Despoluição do Rio Sorocaba, que está possibilitando o aumento da carga de oxigênio de suas águas e, conseqüentemente, favorece a proliferação das diversas espécies.
"Desde que a Estação de Tratamento de Esgoto S-1 entrou em operação, em maio de 2005, e 50% do esgoto produzido pela cidade deixou de ser despejado no rio, começamos a realizar análises a cada quinze dias, comcoleta da água em dois pontos do rio - na divisa com Votorantim e logo depois da S-1 -, e os resultados vêm mostrando uma evolução positiva em todos os parâmetros, que incluem sólidos sedimentáveis, potencial hidrogeniônico (pH), oxigênio dissolvido (OD), temperatura, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), coliformes fecais, coliformes totais, óleos e graxas", ressaltou.
25 toneladas de oxigênio a mais
Comparando os dados da Cetesb de 2004, anterior à construção da ETE S-1, com os do ano passado, os biólogos do Saae constataram significativa redução em alguns parâmetros que indicam poluição, como DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), Fósforo Total e Nitrogênio Amoniacal, cujos teores na água do rio Sorocaba diminuíram, respectivamente, 73%, 75% e 64%.
Essa evolução possibilitou que a concentração de oxigênio do Rio Sorocaba aumentasse quase cinco vezes em três anos, depois que a Estação S-1 entrou em operação, e aproximadamente 25 mil toneladas de oxigênio de suas águas deixaram de ser consumidos pelo esgoto desde 2005.