Mochila pesada é prejudicial
Diariamente, crianças e jovens estudantes deslocam-se às escolas ou colégios carregando seus respectivos materiais. Na mochila, a maioria das vezes com um peso incompatível à estatura do aluno, livros, cartilhas e cadernos estão entre as ferramentas de trabalho em sala de aula. Tal carga parece-me totalmente evitável, pois poderia estar guardada em armários no próprio estabelecimento de ensino.
Os alunos que precisam caminhar até sua escola executam o trajeto de ida e volta com as mochilas nas costas, ou seja, carregam quilos extras para estudar. É desumano. Além do peso do transporte do material fora da escola, sujeito a assaltos, as mochilas ficam ‘no chão’ da sala de aula, atrapalhando a circulação e suscetíveis de serem vandalizadas ou ‘saqueadas’. Deveria haver armários para todos os alunos, em todas as escolas; deveria haver balanças para aferir o peso das mochilas, em todas as escolas, coibindo-se o sobrepeso.
Em 11 de junho de 2010, propus uma lei, a de número 9.160, que obrigava a Rede Municipal de Ensino a oferecer armários individualizados, destinados à guarda de pertences e material escolar dos alunos do ensino fundamental e médio de Sorocaba. O prefeito Vitor Lippi (PSDB), infelizmente, entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), no Tribunal de Justiça de São Paulo, travando o que seria benéfico aos estudantes.
No que tange a essa questão, tenho um posicionamento crítico contra a Rede Municipal de Ensino, que simplesmente ignora o problema, transformando nossas crianças, os jovens, em verdadeiros instrumentos de carga da própria educação. É inconcebível, em pleno ano de 2012, assistir tais situações servirem como exemplo da má administração.
O compromisso com a educação não pode e não deve ser somente dos pais, dos professores, dos governos. É preciso pensar adiante, preocupando-se, inclusive, com o bem-estar físico das nossas crianças, dos jovens. Para haver uma má postura física, basta começar pelo peso excessivo, turbinado pelo translado ao local de ensino, muitas vezes a quilômetros de distância.
A falta de políticas públicas proativas na educação é o escopo de um ensino falido, retrógrado, desestimulante. E provocar esse questionamento em sua funcionalidade, visando uma estrutura capaz de oferecer comodidade e facilidade aos alunos, é um dever de todo homem público. Convoco um debate pelo fim desse fardo na educação.
by José Crespo, vereador em Sorocaba, SP, advogado, engenheiro e professor universitário