terça-feira, 21 de junho de 2011

México: país onde se mata jornalista


Passei 12 dias no México, em abril deste ano, e conheci 10 cidades. Encontrei um povo fanático por futebol, num país contrastado pela sua riqueza histórica e a pobreza. Algo semelhante ao Brasil.

Mas foi o problema enfrentado pelos jornalistas de algumas cidades que me chamou a atenção. Em Tijuana, Baja Califórnia, por exemplo, alguns repórteres são obrigados a usar, diariamente, coletes à prova de balas e metralhadoras. Muitos portam o famoso fuzil americano AR-15.

Ontem, mais um jornalista mexicano perdeu a vida. Miguel Angel López Velasco, colunista e subeditor do diário Notiver, do Estado de Veracruz, foi morto à queima roupa.

López era conhecido como 'Milo Vela' e escrevia uma coluna política e policial chamada 'Va de Nuez'. Além do jornalista, foram assassinados sua mulher, Agustina Solana, e seu filho, Misael, de 21 anos. Segundo a Agência France Press, o responsável pelos assassinatos foi um grupo armado, que entrou na residência deles, no leste do México.

A imprensa do país tem sido alvo nos últimos anos de ataques crescentes, o que levou organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) a qualificar o país como o mais perigoso para o exercício do jornalismo no continente.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos registrou até agora o assassinato de 68 jornalistas desde 2000. No mapa acima, os pinos azuis indicam que um jornalista foi morto; os pinos amarelos significam que um jornalista foi sequestrado; os pinos verdes indicam outras formas de ataque. As informações são do Knight para o Jornalismo nas Américas (http://knightcenter.utexas.edu):

Saltillo, Coahuila (04/03/2011)
O cinegrafista da Rede Televisa, Milton Martínez, é detido e agredido por policiais ao cobrir um confronto com bandidos.

Hermosillo, Sonora (28/02/2011)
O fotógrafo do jornal El Imparcial, Julián Ortega, é agredido física e verbalmente por policiais ao cobrir uma operação policial. A agressão foi captada por um colega dele.

Cuernavaca, Morelos (25/02/2011)
Homens armados disparam contra o veículo que transportava um correspondente da AP e um assessor da Radio Fórmula, em Cuernavaca. O funcionário da emissora foi atingido na perna.

Oaxaca, Oaxaca (15/02/11)
Um repórter é atingido por tiros ao cobrir um confronto entre a polícia e professores durante uma visita do presidente Felipe Calderón a Oaxaca.

Torreón, Coahuila (09/02/2011)
Um grupo armado invade os estúdios do Grupo Multimedios e da Radiorama em Torreón. Um técnico da Multimedios morre.

Monterrey, Nuevo León (06/02/2011)
Agentes da Polícia Federal agridem e tomam o equipamento de cinegrafista da Rede Televisa que cobria confronto entre traficantes e policiais, em Monterrey.

Acapulco, Guerrero (19/01/2011)
Desconhecidos distribuem centenas de exemplares falsos do jornal La Jornada de Guerrero, em pelo menos cinco municípios do Estado de Guerrero: Acapulco, Chilpancingo, Iguala, Taxco e Costa Grande.

Monterrey, Nuevo Leon (11/01/2011)
Um grupo de homens armados com fuzis dispara e atira uma granada contra a redação do Jornal El Norte. Ninguém fica ferido, mas as janelas e a fachada do edifício foram danificadas.

Piedras Negras, Coahuila (08/01/2011)
A redação da Rede de televisão Televisa é atacada com pelo menos duas granadas na cidade fronteiriça de Piedras Negras, Coahuila, na madrugada de 8 de janeiro. O Exército mexicano consegue desativar a bomba.

Acapulco, Guerrero (10/11/2010)
Um grupo armado invadiu a redação do Jornal El Sur. Ninguém saiu ferido no ataque. O editor do jornal não descarta a hipótese de uma tentativa de intimidação.

Mazatlán, Sinaloa (03/10/2010)
Um grupo de homens armados com fuzis abre fogo contra o edifício do Jornal El Debate. Ninguém fica ferido. Do ataque resultam apenas danos materiais.

Ciudad Juárez, Chihuahua (16/09/2010)
Luis Carlos Santiago Orozco, fotógrafo do El Diario de Juárez, é morto por homens armados no estacionamento de um centro comercial. Um outro fotógrafo que estava a seu lado ficou ferido.

Mazatlán, Sinaloa (01/09/2010)
Ninguém ficou ferido no ataque a tiros ao Jornal Noroeste, horas depois de a publicação receber ameaças por telefone. Um dia depois, outra ameaça obriga o mesmo jornal a ter sua sede evacuada.

Ciudad Victoria, Tamaulipas (27/08/2010)
Um carro-bomba explode nas primeiras horas da manhã perto da Rede de TV Televisa. A emissora interrompeu suas transmissões durante várias horas.

Monterrey, Nuevo León (15/08/2010)
Um ataque com granada contra o edifício da Televisa deixa dois trabalhadores levemente feridos e um carro danificado. O ataque teria sido cometido por criminosos ligados à gangue Los Zetas.

Matamoros, Tamaulipas (14/08/2010)
As instalações da emissora Televisa são atacadas com granadas. Ninguém ficou ferido no ataque, atribuído à gangue Los Zetas.

Jerez, Zacatecas (28/07/2010)
O jornalista Ulises González García é sequestrado em sua casa, ao amanhecer, por um grupo armado. O editor do Jornal La Opinión foi libertado 10 dias depois.

Gómez Palacio, Durango (26/07/2010)
Dois repórteres e dois cinegrafistas são sequestrados por membros do crime organizado, com o objetivo de manipular a cobertura jornalística.

Chihuahua, Chihuahua (10/07/2010)
Homens não identificados matam Guillermo Alcaraz Trejo, que era responsável pela publicação e produção de conteúdos televisivos para o site da Comissão Estadual de Direitos Humanos.

Rodovia Montemorelos-Rayones, Nuevo León (09/07/2010
Marco Aurelio Martínez Tijerina, da Rádio La Tremenda, é sequestrado e assassinado.

Rodovia entre Tepalcatepec e Aguililla, Michoacán (06/07/2010)
Hugo Olivera Cartas é encontrado morto em seu veículo, com três tiros. Ele era correspondente da Agência Quadratín, escrevia para o La Voz de Michoacán e era editor do Jornal El Día de Michoacán.

Coyuca de Benítez, Guerrero (28/06/2010)
Os jornalistas Juan Francisco Rodríguez Ríos e María Elvira Hernández Galeana, que eram casados, são assassinados em casa por duas pessoas não identificadas.

Torreón, Coahuila (22/06/2010)
Um grupo armado ataca o edifício do Jornal Noticias de El Sol, de la Laguna. Uma mulher ficou ferida.

Tepic, Nayarit (17/05/2010)
Com tiros e granadas, um grupo ataca as instalações do Canal 2, filial da Televisa, na cidade de Tepic.

Xalapa, Veracruz (27/04/2010)
Evaristo Ortega Zárate, editor do semanário Espacio, está desaparecido há uma semana. A sua família não tem qualquer informação sobre o seu paradeiro.

Morelia, Michoacán (10/04/2010)
O corpo de Enrique Villicaña Palomares, colunista de La Voz de Michoacán, é encontrado. Ele tinha sido sequestrado uma semana antes.

Paracho, Michoacán (06/04/2010)
Ramón Ángeles Zalpa, correspondente do Jornal Cambio de Michoacán, desaparece. É o quarto jornalista desaparecido no Estado desde 2006.

Chilpancingo, Guerrero (12/03/2010)
Evaristo Pacheco Solís, repórter do semanário Visión Informativa, é encontrado morto a tiros.

Reynosa, Tamaulipas (09/03/2010)
Em apenas duas semanas, pelo menos oito jornalistas foram sequestrados junto à fronteira, num agravamento da violência relacionada ao tráfico de drogas.

Ayutla, Guerrero (30/01/2010)
Jorge Ochoa Martínez, editor do semanário El Sol de la Costa, é morto com um tiro na cabeça.

Los Mochis, Sinaloa (27/01/2010)
Um grupo de criminosos queima o carro de Adriana Aguirre San Millán, dona da Rede Radiofônica Organización Impulsora de Radio (OIR).

Los Mochis, Sinaloa (15/01/2010)
O corpo de José Luis Romero, jornalista da Estação de Rádio Línea Directa, é encontrado duas semanas depois do seu sequestro.

Saltillo, Coahuila (07/01/2010)
Sequestro e assassinato de Valentín Valdés, jornalista e fundador do Jornal Zócalo Saltillo.