Ricardo José Salim (ex-diretor-geral do CHS)
O piso frio do xadrez não terá o mesmo sabor daquele propiciado pelo ar-condicionado do escritório administrativo do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Desmantelada numa operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (16), pelo Grupo Antissequestro e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco), a Quadrilha do Jaleco Branco, formada por 13 pessoas acusadas de peculato, tráfico de influência e fraudes, tomou conta do noticiário nacional durante todo o dia. Segundo as denúncias, era encabeçada pelo ex-diretor-geral do Conjunto, o médico Ricardo José Salim, e pelo atual diretor-geral da instituição, Heitor Fernando Xediek Consani. Uma dentista está foragida.
No total, 12 pessoas foram presas e, a partir de agora, terão suas respectivas condutas analisadas minuciosamente pelos promotores Wellington dos Santos Veloso, Maria Aparecida Rodrigues Mendes Castanho, Cláudio Bonadia, e pelos delegados Wilson Negrão e Rodrigo Ayres. A citar: Tania Maris De Paiva, Célia Chaib Arbage Romani, Marcia Regina Leite Ramos,Tânia Aparecida Lopes, Tarley Eloy Pessoa de Barros, Kleber Castilho, Antonio Carlos Nasi, Maria Helena Pires Alberici, Vera Regina Boendia Machado Salim (esposa de Ricardo), Edson Brito Aleixo e Edson da Silva Leite. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz criminal Hugo Leandro Maranzano.
De acordo com o Gaeco, a operação é resultante de investigação iniciada em setembro do ano passado, responsável por esclarecer uma série de crimes cometidos pela organização criminosa que desviava verbas destinadas ao pagamento de plantões a servidores do CHS, direcionando-as para beneficiários que não cumpriam com suas jornadas de trabalho.
Em suma, conforme o promotor Veloso, os funcionários recebiam cerca de R$ 600 por um plantão que não existia. Além disso, havia a existência de plantonistas fantasmas, que nunca chegaram a comparecer ao local de trabalho.
Escutas telefônicas apontam, ainda segundo a força-tarefa, que Consani indicava nomes e participava efetivamente dos acertos, muitos deles destinados à assinatura de cartões-ponto ou até mesmo rasuras em documentos timbrados do CHS. "Era uma forma deles se beneficiarem do valor pago para cada plantão sem exercê-lo", ressaltou a promotora Maria Aparecida.
Práticas ilícitas
As investigações também revelaram a prática de falsificações, estelionato e fraudes a licitações, com favorecimentos e direcionamentos de certames relacionados às compras de próteses e medicamentos.
Os policiais cumpriram, ainda, mandados de busca e apreensão para checagens nas residências dos investigados, no próprio CHS e em mais 11 hospitais de Itapevi e da Capital, entre eles o de Vila Nova Cachoeirinha, Ipiranga e o Hospital Pérola Byington - Centro de Referência da Saúde da Mulher.
Os médicos Castilho e Nasi foram soltos após sete horas de depoimentos. Os outros 10 detidos foram encaminhados à carceragem do Batalhão da Polícia Militar de Sorocaba. Todos possuem diploma e, portanto, têm direito a prisão especial.
by Gustavo Ferrari