Divulgação/Paramount Pictures
Quem conhece o diretor americano David Fincher, 46, pelos filmes Os Sete Crimes Capitais (Seven), O Quarto do Pânico (Panic Room), O Clube da Luta (Fight Club) ou Zodíaco (Zodiac), se surpreenderá com O Curioso Caso de Benjamim Button (The Curious Case of Benjamin Button).
Orçado em mais de US$ 150 milhões, a adaptação para o cinema, da obra homônima do escritor Francis Scott Fitzgerald, revela um Fincher sensível às incertezas da vida; mostra um diretor tentando escapar dos excessos de violência - sua marca registrada em Hollywood por quase duas décadas - ao impor a generosidade como meta de uma realização.
O drama do jovem-velho Benjamin Button, que nasce idoso e rejuvenesce, reflete uma vida de encantamentos, sonhos, delírios, fantasias. Um ser bom, sem maldades, que recebe carinho o tempo todo, que sabe amar, sofrer, lutar, entristecer com um problema e mostrar que o belo, do mal, não se apaga com o tempo.
Li diversos comentários e críticas antes de assistir o filme. E também depois. A última foi do jornalista João Pereira Coutinho, da Folha de São Paulo, publicada ontem. Indicado a 13 Oscars, devendo receber mais da metade, a adaptação de Fincher é madura para uma fábula 'prematura', que tornou-se 'nova' nesses mais de 80 anos.
A mensagem não está no enredo, na interpretação de Pitt (Button) ou na leveza de Blanchett (Daisy). Está na intensa relação entre o que se pretende da vida e o que nela de bom se constrói.
Enquanto o Katrina não assola New Orleans e dizima mais de mil pessoas, Daisy - à beira da morte - detalha à filha (de Button) como viveu a vida, as lembranças boas e ruins, os desafios que precisou vencer e as tristezas que amargara.
O filme, de quase três horas de duração, passa rápido. Não é cansativo. E gera uma reflexão: você é feliz?
by Gustavo Ferrari