Presidente da Câmara
As notas abaixos foram publicas no jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba ao longo de uma semana, na coluna Informação Livre, após a criação dos 26 cargos na Câmara Municipal: o chamado 'Trem da Alegria'. Confesso que foi divertido escrevê-las:
Velocidade máxima - Parecia corrida de Stock Car. A velocidade empregada pelo presidente da Câmara, José Francisco Martinez (PSDB), surpreendeu até mesmo os vereadores na manhã de ontem, durante a votação dos projetos nas quatro sessões extraordinárias. Os 18 minutos também impressionaram parte da imprensa. Alguns veículos não chegaram a tempo para realizar a cobertura.
Onde passa um boi... - Os vereadores atravessaram o corredor de acesso ao plenário da Câmara pela cozinha. E entraram em fila indiana. Alguns permaneceram relaxados durante a sessão, diferente de outros que se mostravam tensos. Martinez suou bastante. Já a pastora Neusa Maldonado (PSDB) deu gargalhadas em determinados períodos. José Antonio Caldini Crespo (DEM) disse ter analisado os quatro projetos durante a madrugada. E todos votaram à favor.
Os articuladores - É inegável a articulação feita por Martinez e Paulo Mendes (PSDB) na aprovação, por unanimidade, dos projetos que se tornaram leis. Digno de “cinema mudo”, os protagonistas, no caso, os 20 vereadores, souberam fazer a lição de casa de acordo com as amarrações políticas: aprovaram tudo!
Imprensa, não! - Que imprensa, que nada! Dos 20 vereadores que aprovaram os quatro projetos, só três falaram com a imprensa: Martinez, França (PT) e Godoy (PSDB). Estavam calmos, serenos. Pareciam não se incomodar com as manifestações feitas pelos estudantes de diretórios acadêmicos.
Cabide - Por falar em estudantes, um deles chegou a entregar um dos cabides a Godoy. Ele relutou em pegar, mas acabou aceitando. E sorriu. Os outro 17 vereadores não quiseram conversas. Será que estavam constrangidos, inseguros ou apavorados?
Vamos, guardas! - A Guarda Municipal, que costuma garantir a tranquilidade na Câmara com dois funcionários, durante as sessões rotineiras, mandou 10 servidores para a votação. Será que temiam algum tumulto dos manifestantes?
O que é isso, companheiro? - Tem vereador que, no começo deste ano, criou um disque-povo, almoçou quentinha, dispensou o convênio médico da Câmara para usar o Sistema Único de Saúde (SUS) e compareceu às duas sessões ordinárias do Legislativo de bicicleta. Mas, na hora do vamos ver, na sessão extraordinária de sexta, apoiou a maioria da Casa na votação do pacotão. Pode?
Cadê o salmo? - A velocidade empregada pelo presidente da Câmara, José Francisco Martinez (PSDB), foi tão grande, no início da votação dos projetos na sessão extraordinária de sexta, que a leitura do salmo da sessão uma praxe do Legislativo, que obedece a lei do vereador Ditão Oleriano (PMN) foi suprimida. Aleluia!
Repercussão - O fato de os dois vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT) terem votado favoravelmente ao projeto que cria 26 cargos na Câmara de Sorocaba, entre os quais o de Secretário de Comunicação Institucional, cujo salário, com gratificação, chega a R$ 10.728,69, está repercutindo negativamente entre os eleitores de esquerda e pela sociedade em geral.
O solo do trovador - Tem vereador que começa a dar sinais de desespero diante da imprensa. O Cruzeiro do Sul tem publicado matérias que só interessam à sociedade sorocabana. Uma delas: a votação do pacotão com os 26 cargos, que onera os cofres públicos em R$ 1 milhão. No entanto, aqueles que se julgam “ameaçados” pela opinião pública estão descontentes, justamente com o desgaste que essas matérias tem trazido às respectivas imagens.
Só à base de bênção - Padre Isac Isaías do Valle, da Paróquia Santa Rita, poderá ter trabalho na próxima segunda-feira, dia 16, na Câmara Municipal. A convite do vereador José Antonio Caldini Crespo (DEM), o pároco fará a bênção do gabinete de número 19, que pertence ao parlamentar. Segundo Crespo, será uma cerimônia simples, “mas de grande significado”. No entanto, comenta-se nos bastidores políticos, que o padre Isac será convidado para realizar, também, uma bênção no plenário da Câmara, para espantar os fantasmas deixados após a votação do pacotão. O motivo alegado é simples: aprova-se tudo no local.
18 minutos - Caso a bênção do padre Isac não seja suficiente, os nobres edis poderão recorrer ao famoso padre Quevedo, especializado em parapsicologia e fenômenos sobrenaturais da América Latina. Que nesta sexta-feira 13 os vereadores reflitam bastante sobre os recentes acontecimentos - que duraram 18 minutos - na Casa de Leis. E o Carnaval ainda não chegou!
Garganta profunda - Os fatos que serão narrados abaixo por esta coluna foram transmitidos por um tucano de altíssima plumagem, que possui livre acesso ao gabinete do prefeito Vitor Lippi e ao gabinete do Presidente da Câmara, José Francisco Martinez. Tudo está gravado!
Racha - A fonte relata que a criação dos 26 cargos comissionados - aprovados em 18 minutos no chamado 'pacotão' da Câmara - teria partido do 6.º andar da Prefeitura. Segundo ela, os cargos começaram a ser desenhados depois que houve o racha político no PSDB, durante a eleição de 2008. “O principal articulador do 'pacotão' chamou cada vereador e falou do projeto dele (a criação dos 26 cargos). Aí, todos concordaram porque beneficiariam os cabos eleitorais que ajudaram nas respectivas campanhas. Foi por isso que todos os vereadores votaram a favor”, relatou.
'Não quero ser xingado' - Segundo a fonte, o principal articulador do chamado 'pacotão' teria dito aos vereadores: “Olha, vou apresentar o projeto e colocar o nome de todos vocês, porque não quero ser xingado depois”. Ao tomar ciência dos fatos pela própria fonte, um outro tucano de altíssima plumagem teria dito: “Meu Deus do céu...como está uma podridão esta Câmara”. Depois, teria entrado em contato com o 6.º andar da Prefeitura e ouvido de um colega, também tucano: “O cargo de secretário de Comunicação Institucional do Legislativo estaria sendo direcionado a uma pessoa”.
Pelas costas - A fonte ressalta, por diversas vezes, a preocupação desse tucano em relação a uma “tramóia” que estaria sendo montada para a futura eleição de 2010. “Pode ter certeza: haverá traição partidária”, salientou o garganta profunda ao Cruzeiro do Sul.
'Efeito pacotão' - Tem pizzaria renomada da cidade, localizada em área nobre, que está prometendo entregar qualquer pedido de pizza em 18 minutos. É o chamado 'efeito pacotão', em alusão à velocidade empregada pelo presidente da Câmara, José Francisco Martinez, durante a votação dos quatro projetos de leis que criaram os 26 cargos comissionados no Legislativo.
Concentração - A cozinha da Câmara serviu de Concentração para os vereadores antes da votação “relâmpago” que criou 26 cargos e aumentou em R$ 1 milhão a folha de pagamento anual da Casa. Segundo os filósofos da Grécia Antiga, “a cozinha trabalha e transmite uma série de energias importantes para os moradores e a família em uma casa”.
Dispersão - A Dispersão dos vereadores teve início no Plenário da Câmara, após 18 minutos no último dia 6, e se estendeu ao corredor principal da Casa. No Carnaval, a Dispersão marca o final da produção de um desfile e o início de outro, quando ala por ala, alegoria por alegoria, chega aos poucos nessa área. Vale lembrar que, antes da Dispersão e depois da Concentração, no Carnaval, vem a Armação.
Ave - Teve tucano que ficou uma verdadeira arara ao saber da gravação, que o Cruzeiro do Sul obteve, com exclusividade, do Garganta Profunda, sobre os bastidores da criação do pacotão, que criou 26 cargos de confiança na Câmara, entre eles o de secretário de Comunicação Institucional, que deverá ser ocupado pelo marqueteiro Carlos Laino. Esse mesmo tucano, inclusive, nem teria comparecido à tradicional feijoada de pré-carnaval do Ipanema Clube, no sábado, como faz todos os anos.
Soy - Laino, que estava na feijoada, informou ao Cruzeiro que recebeu e aceitou o convite feito pelo presidente da Câmara, José Francisco Martinez (PSDB), para executar o cargo de secretário de Comunicação Institucional. Porém, o vereador negou que tivesse feito esse convite ao marqueteiro. O que será, que será?
‘Narizinhos de palhaços’ - Já o leitor do Cruzeiro, Tomaz Navarro, está indignado com a criação dos cargos. Em trecho de sua carta publicada na coluna ‘Cartas do Leitor’, da edição de ontem, ele criticou a atual situação do Legislativo: “Na minha opinião, deveriam ter aproveitado essa sessão para também aprovar uma verba extra para a compra de um tambor de óleo de peroba e brindes para nós, os eleitores que os elegeram. Esses brindes podem ser narizinhos de palhaços, que vêm muito a calhar para a ocasião”.
by Gustavo Ferrari