Hospital do SUS/Fábio Rogério
Quinze médicos residentes do Programa de Clínica Médica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) decidiram interromper o treinamento que realizam no Pronto-Socorro (PS) do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), devido a um impasse na questão dos trabalhos supervisionados pela falta de um responsável plantonista.
Segundo eles, a falta deste médico foi o motivo que os levaram a paralisar os trabalhos no local. Com isso, diversos atendimentos e procedimentos de urgência deixaram de ser realizados no Hospital Regional, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para a Secretaria de Estado da Saúde, o problema criado na unidade é único e exclusivo da PUC, já que o setor opera com 10 médicos do Estado, que são concursados. Por sua vez, a direção do Centro de Ciências Médicas e Biológicas (CCMB) da PUC acredita que o impasse deverá ser resolvido 'rapidamente'.
"E quem sofre com tudo isso somos nós, a população pobre da cidade", disse a professora aposentada, Zuleika de Almeida Albuquerque. Ela acompanhava uma amiga, que precisava de atendimento emergencial devido ao tratamento que realiza por causa de câncer no pulmão.
Em nota encaminhada ao Cruzeiro do Sul, via assessoria de comunicação, a direção da PUC disse ter certeza que o impasse deverá ser resolvido. "O doutor Ricardo Salim (diretor do CHS) é uma pessoa extremamente sensível e comprometida com as causas da saúde de nossa comunidade. Ele nos garantiu que está viabilizando a contratação dos médicos plantonistas", ressaltou a diretora-geral do CCMB, Cibele Isaac Saad Rodrigues.
Entenda o caso
O grupo formado por 15 médicos residentes de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da PUC, em período de treinamento no PS do CHS, sustenta não caber a eles (médicos residentes) a assistência não-supervisionada ao paciente que dá entrada no PS.
"O motivo de nossa paralisação são as constantes ausências do médico plantonista de Clínica Médica, consequentes a 'buracos' em escalas. É esse profissional o responsável legal e ético pelo atendimento. Sem a presença de um médico plantonista, somos impedidos pela legislação, de realizar procedimentos em pacientes e estamos sujeitos a diversas penalidades, que podem chegar, inclusive, à pena máxima de cassação do exercício profissional", justificou o grupo, por meio dos médicos Marcelo Puzzi - presidente da Associação de Médicos Residentes de Sorocaba (Amereso), Ricardo Ferreira Leite - representante dos residentes do segundo ano de Clínica Médica, e Fernando Menezes - representante dos residentes do primeiro ano de Clínica Médica.
"O médico plantonista é contratado pelo Estado e não pelo CCMB. Por isso, desde junho de 2008, temos comunicado às instâncias competentes sobre tal situação. Nossa intenção era de que o problema fosse resolvido sem maiores transtornos. Infelizmente, a conjuntura chegou a um ponto crítico e, no dia 11 de fevereiro, comunicamos o diretor técnico do Departamento de Saúde do CHS, que se não houvesse a presença de um médico plantonista para nos supervisionar, interromperíamos nossas ações", argumentou o grupo.
by Gustavo Ferrari