terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Serotonina


'Ela é puro êxtase, êxtase! Barbies, Betty Boops, puro êxtase'. A composição, de autoria de Guto Goffi e Maurício Barros, ficou conhecida pela interpretação de Roberto Frejat na música 'Puro êxtase', do Barão Vermelho.
Sedutora e, ao mesmo tempo, renovadora, a canção oferece a sensação de encanto, felicidade e prazer. Traz, ao mundo real, a imaginação do belo, do gostoso, do saudável.
Diferentemente do Barão, a jornalista Fernanda Ikedo prefere escrever sobre o prazer misterioso, inotável, suave, mas também distante...um pouco ilusório:

'Como tudo seria encanto e poesia,
Naquele sentimento em que cabe o mundo,
Se não passasse apenas de uma rima,
Doce o olhar de quem se apaixona e desfruta,
Das mais suaves ilusões perdidas.

Ao acordar um breve levitar,
Traz a sensação quente de um chamazinha,
Que aquece as maçãs do rosto e logo se dissipa.

Então é terno o dia e tudo o que nele se insere,
O ar é mais limpo e suave a respiração,
Como se acabasse de orvalhar.

Não se importar de vez em quando em desenrolar umas brigas,
Faz mesmo parte da relação os eternos recomeços,
Só até o dia em que a fadiga for maior que a alegria'.


A serotonina é um neurotransmissor; uma molécula envolvida na comunicação entre as células do cérebro...neurônios.

by Gustavo Ferrari

Noite para celebrar...

Gustavo Ferrari/Earth, Wind & Fire
O mapa astral deixado por Maurice White ao Earth, Wind & Fire se completou na noite da última sexta-feira, no Via Funchal, em São Paulo. O elemento água - o único que faltava ao grupo - surgiu do suor dos mais de cinco mil fãs, entre jovens, adultos e idosos, que lotaram a casa noturna para dançar o boogie característico da banda. A ausência de Maurice - que deixou o E,W&F em 1996 por causa do Mal de Parkinson - foi suprida pelo carisma de Verdine White (baixo), a melodia de Philip Bailey (vocal e percussão) e a ginga de Ralph Jonhson (vocal e percussão).
Tecnicamente, o trio, com os outros nove músicos de suporte, é perfeito. Parece tocar dentro de um estúdio. 'Boogie Wonderland', o primeiro hit do show, comprovou a experiente sintonia do grupo de Chicago (EUA).
Mesmo nas baladas, como 'After the Love is Gone' e 'Fantasy', a voz afinada de Philip Bailey manteve-se a mesma da fase áurea da banda, que fincou raízes internacionais e emplacou diversos Grammys entre o final da década de 70 e o começo dos anos 80.
O ponto alto da apresentação chegou com 'September' - música escrita em 1978 por Maurice - na segunda metade do setlist. 'Let's Groove' levou o publico presente ao delírio. O groove americano estava ali, livre, leve e solto.
"Foi uma noite memorável", destacou a empresária de Sorocaba, Cecília Pavlovsky. Fã de carteirinha do grupo, ela teve a oportunidade de conhecer pessoalmente os músicos após o show. A própria produção americana enviou pelo correio a credencial. "Participei de um concurso pelo site do Earth, Wind & Fire e ganhei. Adoro eles há muito tempo. É uma banda maravilhosa", ressaltou.
O diretor sorocabano do grupo Caiuás, Tuto Miguel Almeida, também gostou da apresentação. Ao lado da esposa e dos dois filhos, ele relembrou sucessos do passado com disposição e satisfação. "A banda é muito boa. Um belo show", disse.
"É muito bom poder ouvir ao vivo a voz excepcional do Philip Bailey. Como ele mesmo disse no show, sua voz é como o vinho. As cinco mil pessoas que estavam lá foram privilegiadas. E é assim que me sinto: um privilegiado", salientou Fernando Cesar Gomes.

by Gustavo Ferrari

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Assis, para quem merece!

Reprodução/Unesp
O site www.machadodeassis.unesp.br (veja o link em Sorocaba Report) deve ser acessado por quem se julga inteligente. Sob a coordenação das professoras-doutoras Silvia Maria Azevedo (Unesp-Assis) e Lúcia Granja (Unesp–São José do Rio Preto), com o apoio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Unesp e do CNPQ, o portal pretende disponibilizar um material de grande interesse para o pesquisador da obra de Machado de Assis, a partir das imagens dos vários jornais e revistas para os quais o escritor brasileiro escreveu.
O objetivo do site é fortalecer os vínculos entre a pesquisa em literatura e as fontes primárias, buscando assim as relações entre algumas particularidades da criação literária machadiana, com os periódicos que veiculavam seus textos.
Os jornais que servem de pesquisa são: O Futuro - Periódico Literário; Marmota Fluminense - Jornal de Moda e Variedades (1857); Semana Ilustrada; Diário do Rio de Janeiro; Jornal do Povo e A Saudade.
As fontes utilizadas pelo portal englobam o Arquivo Edgar Lëuenroth (AEL) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, onde existem cópias autorizadas dos microfilmes dos periódicos de propriedade da BN, e o Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (Cedap), da Unesp-Assis, onde também existem cópias. Visita obrigatória! (Fonte: Unesp)

by Gustavo Ferrari

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Uma aula de jornalismo

Luiz Setti/Auditório da FUA
Representante no Brasil da Escola de Comunicação da Universidade de Navarra e diretor do Master em Jornalismo - um programa de capacitação de editores que já formou mais de 200 cargos de chefias dos principais jornais do País - o professor Carlos Alberto Di Franco, de 63 anos, palestrou há duas semanas para jornalistas, funcionários e diretores do centenário jornal Cruzeiro do Sul.
Sob o tema 'Jornalismo, Ética e Qualidade', o profissional expôs, no auditório da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), os principais conceitos de mídia usados nos jornais mundiais. Delineou noções básicas, que são referências necessárias para se ter uma boa edição, e pregou o que chama de 'Receitas da Qualidade'. Veja abaixo os principais tópicos da palestra:

Binômio

Pauto, sempre, um jornalismo explorado com qualidade, com seriedade, com ética. Na história das empresas, na história das pessoas e na história dos jornais, o resultado de uma empresa, o resultado da carreira de um profissional, o resultado final de um veículo de comunicação decorre, em grande parte, de duas posições fundamentais: nós podemos ser ousados ou podemos ser burocráticos; podemos arriscar nova soluções, abrir novos caminhos, ou podemos fazer as coisas como sempre foram feitas, em atitude passiva, conservadora e pouco criativa. Cito um exemplo de anos atrás que pode servir como gancho. Segunda Guerra Mundial - Estados Unidos da América - uma situação de crise econômica, que atingiu fortemente os meios de comunicação social e, diretamente, dois grandes jornais de Nova Iorque, a principal cidade da América. Se reúnem a diretoria de um desses jornais, o 'New York Herald Tribune', e passam a discutir os caminhos que devem adotar como empresa para enfrentar a crise financeira daquele momento decorrente. Discutem, imaginam alternativas e chegam à seguinte solução: o que nós vamos fazer é diminuir as páginas de informação e manter as páginas publicitárias. Isto é, o papel está custando demais, tá altíssimo; temos que enxugar de algum lado. Então, vamos garantir o caixa, não vamos perder dinheiro, mas diminuir as páginas de informação. O outro jornal concorrente também reuniu a sua diretoria e chegou a uma decisão absolutamente oposta. Me refiro ao jornal 'The New York Times'. Ele chegou a seguinte conclusão: a guerra é um acontecimento importantíssimo, os americanos estão envolvidos, jovens estão morrendo. Portanto, temos não só o dever mas a decisão pragmática de oferecer informação de qualidade para o nosso leitor. O que vamos fazer é perder dinheiro no curto prazo. Isto é, vamos ampliar as páginas informativas à custa da diminuição das páginas publicitárias. Estamos jogando uma cartada de credibilidade, avisando o leitor de que em um momento tão importante como esse, em que o país está num conflito mundial, apostamos na informação de qualidade e na informação como um elemento fundamental. Resultado final: o 'New York Herald Tribune' morreu, não existe mais. E o 'The New York Times' é o jornal mais influente do mundo. Um tomou uma decisão burocrática, conservadora, sensata. O outro tomou uma decisão arriscada, criativa, ousada e veio a ser o que é. Na nossa vida, na vida das empresas, daria esse conselho: sejam sempre ousados; fujam do conservadorismo! Imaginem, sempre, soluções novas, criativas. Não caiam no risco de imaginar que o melhor caminho é o repetitivo; fazer as coisas como sempre foram feitas. Questionem a possibilidade de abrir novos horizontes. Só os que são capazes de apostar, ousar, se aventurar nos caminhos da informação são capazes de produzir um produto em sintonia com o leitor, que cada vez está mais escasso, exigente e complicado de conquistar.

Mudança

Tina Brown, uma jornalista americana, assumiu há alguns anos a diretoria de redação do jornal 'The New Yorker'. A posse dela produziu nos EUA uma grande perplexidade. Vimos que hoje a possibilidade de um mulher assumir a presidência do país é um fato real. Mas, há 15 anos, os americanos - uma sociedade extremamente machista - viu com grande perplexidade uma mulher chegar à direção de redação de uma publicação importante e cultural de Nova Iorque. Tina Brown deu uma entrevista coletiva em que resumiu qual era a plataforma de trabalho como diretora dessa publicação. Ela disse que seu programa de governo no 'The New Yorker' se limitava a três palavras: 'talento, talento, talento'. Isso é: seu programa de governo é buscar o profissional mais talentoso, reter o profissional mais talentoso e investir no profissional mais talentoso. Os produtos que vão para frente, que têm maior capacidade de crescimento no mercado são aqueles que têm a intuição de que o principal investimento de um veículo de comunicação não são as máquinas, no parque gráfico, mas sim o talento, na cabeça daqueles que fazem a diferença. Porque no fundo, como dizia o grande Cláudio Abramo, a receita de um bom jornal se faz com bons jornalistas. Durante muitos anos, vivemos de uma miragem da informática, da rotativas. É evidente que eu preciso de uma rotativa de altíssima qualidade. É evidente que é muito interessante eu ter a possibilidade de imprimir um jornal em cor total. É muito importante o redesenho dos jornais, a apresentação formal, com visual agradável e atraente. Agora, se eu não tenho conteúdo, se eu não tenho qualidade editorial, eu não tenho nada. E a qualidade editorial, o conteúdo, depende dos jornalistas. O coração de um jornal depende dos jornalistas, que fazem a diferença. Uma empresa inteligente é aquela que investe nos seus recursos humanos, que investe naqueles que fazem o produto e que fazem com que ele tenha efetivamente uma força diferencial no conjunto do mercado.

Vírus da arrogância

Nós, jornalistas, temos como viés e deformação profissional a arrogância. Olhamos o mundo de cima para baixo; agitamos a bandeira da liberdade, da modernidade, do vanguardismo. Somos os profissionais mais conservadores que existem. Vá fazer mudança numa redação. O último bastião a cair num processo de mudança é a redação, que se resiste à modernização editorial como uma guerra sem quartel, porque o jornalista gosta de fazer as coisas como sempre se fizeram. Qualquer modificação, mexida nos processos editoriais, é um drama. Mas, agitamos a bandeira da liberdade, do vanguardismo. Temos consciência, mais ou menos explícita, do poder que temos na mão. Sabemos que um cidadão comum tem pavor quando vê diante dele uma câmera, um microfone, uma máquina fotográfica. Percebemos que temos poder e isso nos leva a uma atitude de arrogância, que é muito ruim. A pessoa arrogante, de uma maneira, está distanciada da realidade; tem um postura de julgamento, às vezes até de pré-julgamento da realidade. Falta, freqüentemente, a humildade. Falta se aproximar da vida como efetivamente ela é; falta buscar a verificação dos fatos de uma maneira constante, permanente, dedicada. O primeiro grande embate de nossa vida profissional é o combate da arrogância.

Escrever para quem?

Cada vez mais o problema da perda de leitores ou o não crescimento de leitores, é o fato de não escrevermos para o nosso público, mas de escrevermos para nós mesmos. O jornalista não escreve, não fala com leitor. Usa, freqüentemente, uma linguagem que tem como visão do mundo somente ele, seu povo e sua tribo. Nós freqüentamos bar de jornalista, falamos de jornalismo, temos amigos jornalistas, vivemos neste mundo e imaginamos que este é o mundo real. Não é necessariamente real. Às vezes há uma dissintonia muito grande entre o que dizemos, nossas pautas e o mundo real. O que é que a sociedade espera de nós? O que é que o leitor espera de nós? Será que estamos nos comunicando com o leitor real? Será que estamos detectando quais são os interesses efetivos do leitorado? Eu faço um exercício muito simples. Numa reunião da Associação Nacional de Jornais (ANJ) fiz a seguinte pergunta: Por que será que milhões de jovens lêem Harry Porter, com livros de mais de 400 páginas? E por que esses milhões de jovens não lêem os nossos jornais? Porque, provavelmente, a autora de Harry Porter se comunica com o jovem real. Localizou perfeitamente os valores desse jovem e conversa com ele. Nós não conversamos. Estamos separados do mundo real e falando para nós mesmos, para nossa tribo, para o nosso grupo. É preciso descer do pedestal, ter humildade e começar a conversar com o público real.

Ceticismo de carteirinha

Devemos ser pessoas com certezas ou com dúvidas? O que o jornalista deve ser? Um profissional com dúvida, porque o jornalista deve ser cético; ter milhões de interrogações, porque o nosso ofício é exatamente este: questionar, apurar, procurar de alguma maneira a informação. Há um ceticismo, que chamo de verdadeiro, bom. E há um ceticismo mal. Qual é o ceticismo mal? É aquele que tem uma base na filosofia e que repercute sem que a gente perceba, de maneira fortíssima em nosso dia-a-dia profissional. Qual é hoje, entre as diversas alternativas filosóficas, a corrente que exerce uma grande influência em toda a maneira de pensar e agir da sociedade contemporânea? Eu chamaria a corrente filosófica de idealista. Um dos grandes representantes dela é Immanuel Kant. O idealismo é a visão filosófica que imagina que as coisas existem não porque existem na realidade, mas porque existem no meu mundo ideal. Isso é, digo, para o idealismo, a realidade como projeção do meu mundo interior. Exatamente o contrário do idealismo filosófico, que se apóia, fundamentalmente, em Aristóteles, por exemplo, que parte do princípio latino que diz: Nada existe na inteligência que antes não exista na realidade. Qual é a conseqüência disso no ofício jornalístico? A negação da verdade, o anti-jornalismo. O jornalismo é a busca da verdade possível através da dúvida, da pergunta, da interrogação. Quando os manuais de redação, todos, afirmam que o papel do bom repórter é ouvir o outro lado estão dizendo algo que rigorosamente é um princípio ético, absolutamente irrespondível. O papel de um bom repórter não é só ouvir o outro lado. É ouvir o outro lado e buscar a verdade possível, como muitas vezes dizia Cláudio Abramo, está camuflada atrás da verdade aparente. O nosso papel não se limita em ouvir o outro lado; porque se fosse esse o nosso papel estaríamos perdidos. Duas versões podem ser duas mentiras. Não somos simples transmissores de versões. Nosso papel é dar um passo além. É tentar, através da apuração bem feita, chegar a uma verdade possível.

Síndrome declaratória

É uma praga do jornalismo político. Hoje, o desinteresse dos leitores pelas páginas de política é muito acentuado. Porque as páginas de políticas, em geral, são chatíssimas. E por que isso acontece? Porque não tem notícia, só tem declaração. O presidente Lula disse...abre aspas...fecha aspas; e o senador Bonhauser reagiu...abre aspas...fecha aspas. Só damos Brasília, não informamos sobre o Brasil real, não tratamos de políticas públicas, não falamos do que a sociedade tem interesse. Falamos da ilha da fantasia e repercutimos o que dizem os habitantes dessa ilha, que está lá longe, distante do mundo real. Que respostas damos aos interesses efetivos da sociedade? É preciso mudar, dar uma virada em 180 graus na cobertura de política. O foco não deve mais estar colocado no político e nas assessorias de comunicação. O foco tem que ser colocado no cidadão. A agenda pública não deve ser determinada pelo político, mas pela cidadania. A gente inverte o papel. O que interessa não é a declaração do senador, mas sim a pergunta que vamos fazer a ele. Em nome da sociedade vamos perguntar coisas que ela quer ouvir. Isso aproxima o leitor do jornal. Não é mais o jornalismo declaratório, chato. É um tema interessante para se refletir.

Jornalismo de dossiê

No Brasil houve uma febre de dossiê a partir da queda do Fernando Collor. Questiono o nosso papel. Costumamos dizer: Nós derrubamos o Collor. Não foi bem assim. Ele foi derrubado por um dossiê entregue pelo irmão dele. Não houve nenhum jornalismo investigativo. Zero! Se não houvesse uma briga fratricida, o Collor não teria caído. O irmão dele foi à revista Veja e entregou um calhamaço. O que fizemos foi repercutir esse material. Não houve uma ação investigativa. O fato é que enlouquecemos com aquilo; pareceu que foi o grande 'golaço' da mídia. Foi importante, pois o presidente Collor era um homem envolvido diretamente numa operação de corrupção incrível. Ficamos tão entusiasmado com esse episódio que passamos a produzir, constantemente, dossiês. Os jornais têm, com grande freqüência, publicado dossiês, que depois não se agüentam em pé...morrem uma semana depois. Não têm seqüência. Temos que pensar na responsabilidade ética de publicar um dossiê. Isso é pauta, não matéria para publicação. É matéria para apuração. Se recebo uma denúncia contra alguém não é para publicar, mas sim um ponto de partida fundamental. Se aquilo é verdade, publica. Se não é verdade, não publica. É preciso ter a responsabilidade ética de ver se efetivamente aquilo tem consistência ou não. Um jornal que publica criticamente um dossiê e numa segunda ou terça-feira tem um grande frisson, todos comentam a matéria impactante, precisa ficar atento para que, na quarta-feira, o dossiê não caia. Isso é um golpe de morte na credibilidade do jornal. A desmoralização é terrível e péssimo para a qualidade do produto final.

Pré-julgamento

Paul Johnson, um grande intelectual e escritor inglês, que acaba de lançar um livro novo, intitulado Os heróis, num ensaio sobre o jornalismo chamado Os sete pecados capitais da mídia, ao falar do pré-julgamento diz o seguinte: A mídia é uma arma carregada. Quando dirigida com intenção hostil, contra alguém, é muito importante que o editor, antes de apertar o gatilho, verifique se está apontando para o alvo certo. Porque se não estiver, comete um assassinato moral. Uma frase que faz pensar. Quando você agride a honra de uma pessoa, o patrimônio moral falsamente, você pré-julga e assume o papel do poder judiciário. Condena e mata essa pessoa. É um assassinato pior do que o físico, que é um momento em que o sujeito leva um tiro e morre. O assassinato moral avança no tempo. Mata-se a pessoa moralmente...já a esposa e os filhos passam a ser mal vistos...o efeito de uma operação irresponsável contra a honra é gravíssimo. Um momento de glória, uma manchete, não vale uma vida.

Síndrome de catástrofe

O jornalismo brasileiro, sobretudo o telejornalismo, tem avançado muito nessa direção, que é complicada e perigosa. É transformar a informação em show, entretenimento. Esse é um fenômeno que está ocorrendo perigosamente no mundo inteiro, sobretudo nos Estados Unidos. Quando o grupo 'Time' se incorporou ao grupo 'Warner', pergunto quem manda: entretenimento ou informação? É responsabilidade do editor editorial ou de quem faz o espetáculo? As coisas vão se confundindo na medida em que, cada vez mais, o que importa não é o fato. As coisas não existem porque de fato existem. Elas só existem na medida em que podem emocionar a opinião pública. Senão, elas não existem. A importância não está apoiada no peso objetivo do fato; a importância está apoiada no peso subjetivo da emoção. Então, isto é, no fundo, um tiro de morte na nossa indústria. É o desaparecimento do jornalismo. Se esse processo for numa espiral crescente podemos imaginar um jornalismo sem jornalistas. Não precisa ser jornalista para fazer espetáculo. O profissional existe para apurar, para interpretar, apresentar de uma maneira clara, didática, para o leitor, a informação. A catástrofe tem que aparecer. Isso tem um efeito horroroso, porque cansa. Numa pesquisa feita nos EUA por um grupo de mídia que inclui o 'Los Angeles Times', o principal questionamento dos leitores contra os jornais foi o seguinte: Estamos cansados do excesso de catástrofe que os nossos jornais tentam nos impingir? Nossos próprios clientes dizem que não querem isso. Eles querem informação, reportagem, uma história bem contada, a informação dentro de um contexto.

Jornalismo de auditório

Está relacionado com a imitação da televisão. Estamos obcecados com a internet. Achamos que os jornais estão perdidos com a concorrência, porque ninguém mais lê, a juventude não lê. Vimos que o mito está caindo. Tentamos, inutilmente, competir com um veículo que deve ser aliado nosso e não concorrente. O jornal tenta imitar a televisão, que é imbatível. Ela tem a cor, a instantaneidade, a imagem, o movimento. O que a gente faz? No dia seguinte, damos o que a televisão deu na véspera. Passamos para o leitor um sabor de café requentado. Não é isso o que ele quer. Pensar jornal estrategicamente é fazer o seguinte questionamento: televisão abre o apetite, mas eu, jornal, vou saciar a fome. Leia amanhã e se sacie amanhã com um belo produto, com a continuidade do que você viu pela televisão hoje. Para isso, é preciso competência, investir, recuperar reportagem, fazer coisas instigantes e interessantes. É superar o complexo de inferioridade que temos em relação à televisão e à internet.

Obsessão com a forma

A forma é importante, mas não é tudo. Nos últimos anos todos jornais, corretamente, fizeram redesenhos. Há mais anos, todos jornais ganharam cor. Quando a gente começa a só se preocupar com a forma, transformamos os jornais em araras. A forma é importante desde que nós estejamos dispostos a enfrentar algo muito mais sério, que é a batalha da renovação e a revolução dos conteúdos. Sem mexer no conteúdo a mudança formal, o redesenho, é a velha de mini-saia. Não adianta; é uma bobagem! Quando você faz o redesenho antes de melhorar o conteúdo acaba gerando no leitor uma expectativa.

Editorialização do noticiário

É o contrabando opinativo na informação. Todo jornal deve ter um ideário. Sei que ele (Cruzeiro do Sul) tem alguns princípios muito claros; sei que ele não veicula propaganda de bebida, de cigarro, por exemplo. Isso dá força ao jornal, que tem editoriais voltados à posição dos proprietários da empresa. Agora, é muito importante que o leitor saiba que uma coisa é a opinião e outra é a informação. A opinião não pode dominar a informação. Isso é editorializar o noticiário. Aconteceu na época dos barões da imprensa no Brasil, que utilizavam o instrumento para idéias políticas. Hoje, os jornais são prestadores de informação, que caminham harmonicamente com uma visão de mundo dada na página editorial, mas não com tanta facilidade. É importante zelar por isso.

Receitas da qualidade

Em primeiro lugar, precisamos falar da revolução dos conteúdos. É preciso ter a rebeldia e a coragem de pensar o jornal todos os dias. Isso é fundamental. O fechamento é uma obsessão. A adrenalina vai aumentando a medida que o fechamento está chegando. Mas, em uma redação, a palavra chave é planejamento. Só há bom fechamento se há bom planejamento. Só há bom fechamento e bom planejamento se há instâncias que pensam o produto. Senão, os erros se repetem.

Reportagem

Revalorizar a reportagem. Temos uma relação sadomasoquista com nossos leitores. Em todas as pesquisas no Brasil e fora, o leitor diz o seguinte: Eu quero reportagem! Aí eu digo: Não dou! Tô perdendo leitores, eu quero reportagem! Eu volto a dizer: Não dou! A reportagem de hoje em dia se faz 97% pelo telefone. O repórter não olha a fonte, não percebe a reação dela. Ele está separado pelo telefone. Não há vida, não se transmite nada. A reportagem morreu! Jornal é reportagem. Vamos pensar e investir em reportagem. Há uma quantidade de coisas acontecendo em Sorocaba. O leitor fica vinculado à reportagem de qualidade. É um grande investimento com resultado fácil. A informação generalista está fadada ao nada. A globalização está produzindo um fenômeno estranho. Quanto mais o mundo está globalizado, mais carência de proximidade as pessoas têm. É uma reação psicológica real. A informação local é muito importante. Para isso, precisa-se preparar bem o repórter. Só se faz um bom jornal com bons repórteres, pois nosso interesse deve ser apenas com a verdade e com o leitor. Quando ficamos reféns de um empresário, de um político, por exemplo, estamos perdidos. O que garante a saúde financeira de um veículo é a sua credibilidade, que traz o anunciante e a publicidade.

Receita simples do sucesso

Questionado sobre onde um jornal centenário, que tem missão e valores definidos e é líder em sua região, deve investir para acompanhar os novos tempos sem perder as características históricas, o professor Carlos Alberto Di Franco foi direto: A receita não é complicada. As coisas boas, em geral, são simples. Investir exponencialmente no local! local! local! Apostar, de verdade, na reportagem, contar boas histórias, formar um núcleo de reportagens especiais. Investir em valores: ética, família, responsabilidade social. Ao contrário do que se imagina, há uma demanda reprimida impressionante.

by Gustavo Ferrari

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Acrópole Aleixo

Mário Aleixo/Luz e sombra
Na Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), em Sorocaba, o jornalista Mário Aleixo registrou as colunas de mármore semelhantes ao complexo de obras da Grécia Antiga.
Fotógrafo de habilidade ímpar, o editor do jornal online do Cruzeiro do Sul mandou bala no disparador de sua máquina digital para fazer a 'arte'. O resultado foi a sensacional comparação com as tão famosas e descomunais estruturas gregas do passado/presente.
A 'Acrópole Aleixo' delineia a arquitetura pré-socrática nos tempos de hoje, com um toque de sensibilidade, vivacidade e bom gosto. Mostra o inimaginável dentro da realidade ofuscada pelas mazelas da globalização.
A palavra acrópole vem do grego e significa 'extremo, alto'. Serve para designar os centros das cidades antigas ou sítios arqueológicos onde se situam as principais estruturas arquitetônicas daquela época. Uma viagem nostálgica...

by Gustavo Ferrari

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Envelhecimento...

Reprodução/Alimentos
Um estudo recente, publicado ontem na revista 'Archives of Internal Medicine', mostra que um estilo de vida saudável durante os primeiros anos da idade madura - incluindo controle de peso, exercícios regulares e não fumar - é um fator fortemente associado a uma maior probabilidade de viver até os 90 anos.
Outro artigo na mesma edição mostra que, embora alguns indivíduos vivam até os 100 anos ou mais por evitar doenças crônicas, outros centenários vivem com essas condições por vários anos.
A pesquisa menciona também estudos com gêmeos mostrando que 25% da variação de longevidade humana é atribuída a fatores genéticos. Os outros 75% são atribuídos a fatores de risco modificáveis.
A equipe de Laurel Yates, do Hospital da Mulher de Brigham, em Boston, nos Estados Unidos, avaliou um grupo de 2.357 homens, cuja participação começou entre 1981 e 1984. Os voluntários, com idade média de 72 anos, forneceram informações sobre variáveis demográficas e de saúde, incluindo peso, altura, pressão sangüínea, níveis de colesterol e freqüência de atividades físicas.
Duas vezes durante o primeiro ano de participação e uma vez a cada ano até 2006, os voluntários completaram um questionário sobre as mudanças de hábitos, estado de saúde e capacidade para realizar tarefas cotidianas.
Um total de 970 homens (41%) viveu até 90 anos ou mais. Vários fatores modificáveis, biológicos e comportamentais, foram associados com essa longevidade excepcional. "Tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão reduziram significativamente a probabilidade de vida até os 90 anos, enquanto exercícios vigorosos e regulares a aumentaram consideravelmente", destacaram os autores.
"Homens com duração de vida acima dos 90 anos demonstraram melhores funções físicas, bem-estar mental e autopercepção de saúde no fim da vida, em comparação com os que morreram mais cedo. Fatores adversos associados com menor longevidade - tabagismo, obesidade e sedentarismo - também foram associados com pior estado funcional no fim da vida", descreveram.
A pesquisa estima que um homem de 70 anos que não fuma e tem pressão sangüínea e peso normais, não tem diabetes e se exercita de duas a quatro vezes por semana tem uma probabilidade de 54% de viver até os 90 anos.
Com os fatores adversos, sua probabilidade de viver até essa idade se reduz nas seguintes proporções:

Estilo de vida sedentário: 44%
Hipertensão (pressão alta): 36%
Obesidade: 26%
Tabagismo: 22%
Três fatores reunidos, como sedentarismo, obesidade e diabetes: 14%
Cinco fatores somados: 4%


Bons níveis funcionais

No segundo estudo, a equipe de Dellara Terry, da Escola de Medicina da Universidade de Boston e do Boston Medical Center, estudou 523 mulheres e 216 homens com 97 anos ou mais. Os voluntários responderam questionários sobre histórico de saúde e capacidade funcional para escrever e-mails ou telefonar.
Os participantes foram divididos em grupos por sexo e pela idade na qual desenvolveram doenças normalmente associadas ao envelhecimento: doença pulmonar obstrutiva crônica, demência, diabetes, doença cardíaca, hipertensão, osteoporose, doença de Parkinson e derrame. Os que desenvolveram essas condições após os 85 anos foram classificados como retardatários, enquanto os que as desenvolveram antes foram denominados sobreviventes.
Entre os participantes, 32% eram sobreviventes e 68% retardatários. "Os centenários que desenvolveram doenças coronárias ou hipertensão antes dos 85 anos e sobreviveram até os 100 demonstraram níveis funcionais semelhantes aos dos retardatários", disseram os autores.
Apesar de as mulheres terem sobrevivido mais até idades extremas, os homens centenários no estudo demonstraram melhores funções físicas e mentais que as mulheres. "Uma explicação para isso pode ser que os homens precisam estar em excelente saúde e funcionalmente independentes para chegar a uma idade tão extrema", indicaram. (Fonte: Fapesp)

by Gustavo Ferrari

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Earth, Wind & Fire traz funk e soul a São Paulo

Divulgação
A banda norte-americana Earth, Wind & Fire se apresenta nesta sexta-feira (15) para mais de cinco mil pessoas no Via Funchal. Retorna ao Brasil após 28 anos do memorável show no Maracanãzinho. Os ingressos estão todos esgotados.
O grupo de Chicago, criado em 1969 pelo baterista, compositor e vocalista Maurice White e seu irmão, o baixista Verdine White, soube incorporar ao seu estilo funk as melhores influências do jazz, soul, gospel, pop, rock&roll, blues, folk e disco music, além de elementos da música africana.
Vencedora de seis prêmios Grammy, tendo mais de 50 discos de ouro e platina, no total de 80 milhões de discos vendidos ao longo de uma trajetória de indiscutível sucesso de público e crítica, na lista de sucessos da banda destacam-se temas como Shining Star, Reasons, That's the way of the World, Singasong, Getaway, Fantasy, September, In the Stone, Boogie Wonderland, Let's Groove e System of Survival, entre outros.
O ecleticismo do E,W&F é parte de um conceito maior, amparado por uma idéia de espiritualidade cósmica e positiva. Há mais de 30 anos embalando as pistas ao redor do planeta, a banda soube se destacar através de performances impecáveis, com efeitos de luz, raios lazer, pirâmides voadoras, roupas coloridas e extravagantes.
Em 2000, o grupo foi incluído no Hall da Fama do Rock & Roll e no Hollywood's Rock Walk, pelos inegáveis serviços prestados à música de qualidade.

by Gustavo Ferrari

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sussudio

Reprodução/Spectro
As artes cênicas despertam os mais nobres sentimentos existenciais na imaginação humana. A principal característica de seu signo inicial é justamente a "ligação física" com seu objeto, no caso a imagem x o telespectador. A fotografia, por exemplo, é primeiramente um índice; um registro da luz em determinado momento.
O cineasta John Howard Carpenter, por exemplo, utiliza em seus filmes uma luminosidade minimalista, com câmaras estáticas. Distintas composições sintetizadas são normalmente empregadas em seu estilo de editar. Ao longo de sua carreira, o terror e a imaginação surreal estão presentes em Fantasmas de Marte, Vampiros, Fuga de Nova York, No Limite da Loucura, Os Aventureiros do Bairro Proibido e Starman - O Homem das Estrelas.
David Keith Lynch - um cineasta envolvido com artes plásticas, que utiliza em seus filmes uma linguagem bastante provocadora - resume a qualidade da consciência imediata em uma impressão sentimentalmente invisível, não analisável. Tudo que esta à sua consciência é aquilo que se refere ao instante presente. Foi assim em Twin Peaks, Veludo Azul, Cidade dos Sonhos, O Homem Elefante e agora em O Império dos Sonhos.
Ambos se preocupam em manter a qualidade na interpretação como uma "alma" encarnada na matéria da concepção surrealista. Assim, o indivíduo atua e conecta a sua experiência de vida à emoção, transferindo ao contexto pessoal o sentimento de "ilusão".
O semioticista Ferdinand de Saussure define essa visão como 'relações sintagmáticas', ou seja, o uso da linguagem, da fala, da relação fluida que, no discurso ou na palavra, mantém em associação relações de contextualização e de presença. As 'relações paradigmáticas', diferentemente da estética "angular", refletem na ambivalência da linguagem conceitos de origem, sendo um registro que se porta estável na memória coletiva.

by Gustavo Ferrari

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Japão multicultural

Gustavo Ferrari/Kinkaku
Neste ano, os japoneses que imigraram para o Brasil comemoram 100 anos na terra de Cabral. Diferente de nós, que exibimos nossos sentimentos, iras e glórias, os nikkeis são frios, mas atentos e sábios.
Assim como na cultura brasileira, a literatura japonesa está conquistando um número crescente de leitores devido aos seus méritos universais. Os romances de escritores contemporâneos como Tanizaki Jun-ichiro, Kawabata Yasunari, Dazai Osamu, Inoue Yasushi e Mishiima Yukio têm atraído atenção no exterior.
Na música, as chamadas "midis instrumentais", no estilo enka, são tradicionais na cultura pop local. Já as gueixas sempre foram motivos de curiosidade.
Essas mulheres desfrutam glamour e prestígio proporcionados por quimonos carís­simos e banquetes. Mas a vida para elas não é feita somente de luxo e osten­tação. Anos de treino nas artes da dança, do canto e da música, para deixar de ser uma simples maiko (aprendiz) e se tor­nar profissional, nutrem o fascínio e o mistério despertados por esta tradição.

by Gustavo Ferrari

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Notas fiscais detonam impostos

Reprodução
Juntar notas fiscais para receber prêmios ou descontos. A fórmula é antiga e está sendo repetida. Em implantação no Brasil, a Nota Fiscal Eletrônica (NFe) tem tudo para dar certo. Trata-se de um projeto que integra os Fiscos Federal e Estadual para acompanhar o pagamento do ICMS entre as empresas. A partir de abril, todos os setores da economia serão obrigados a aderir ao modelo. Outra iniciativa é tentar estimular os consumidores a exigir a entrega do documento fiscal no ato da compra, gerando crédito aos cidadãos e às empresas.

Engana-se, no entanto, quem pensa que a idéia é nova. Historicamente, São Paulo já teve uma experiência semelhante na década de 1980. Naquela época, o Governo incentivava a população a juntar notas fiscais e cupons de máquinas registradoras, independente do valor da compra. Ao reunir o equivalente a 500 cruzeiros, preenchia-se uma cartela que era trocada por um álbum, onde figurinhas tinham de ser coladas. Feito isso, o cidadão ganhava um cupom que lhe garantia a participação em sorteios para concorrer a prêmios.

Desta vez, quem tiver paciência em pedir e guardar as notas poderá rir por último. Isso porque a medida dá desconto no IPVA e no IPTU, os vilões da população no início de todo o ano.

Desconto no IPVA

Nota Fiscal Paulista é um programa de estimulo à cidadania fiscal no Estado de São Paulo, implementado pela Lei nº 12.685 e pelo Decreto nº 52.096, ambos publicados em 29/08/2007, que tem por objetivo estimular os consumidores a exigir a entrega do documento fiscal na hora da compra. Além disso, visa gerar créditos aos consumidores, aos cidadãos e às empresas do Estado. Para isso, basta ao consumidor solicitar o documento fiscal no ato da compra e informar o seu CPF ou CNPJ para ter direito aos créditos e concorrer a prêmios.

Como o cálculo será feito

Os estabelecimentos comerciais enviarão periodicamente essas informações para a Secretaria da Fazenda, que calculará o crédito do consumidor. O sistema, que começou em outubro de 2007, obriga estabelecimentos de vários setores a emitir uma nota fiscal em que conste o CPF do cliente. Todas as empresas contribuintes do ICMS deverão se integrar à nova sistemática de acordo com o cronograma de implantação por setor de atividade, conforme Resolução SF – 49, publicada no D.O.E.em 29/08/2007. Desde que entrou em operação, em 1º outubro de 2007, mais de 74 mil empresas já adotaram a NFe de ICMS, as quais emitiram 548 milhões de documentos fiscais.

O cronograma, de uma forma sintética, ficou assim:

- Outubro/07: Restaurantes

- Novembro/07: Padarias, Bares, Lanchonetes e outros

- Dezembro/07: Artigos esportivos, fotográficos, óticas, agências de viagem e outros

- Janeiro/08: Automóveis, motocicletas, barcos, combustíveis e outros

- Fevereiro/08: Materiais de construção

- Março/08: Produtos para casa e escritório

- Abril/08: Produtos alimentícios e farmacêuticos

- Maio/08: Roupas, calçados, acessórios e outros


Não é necessário se cadastrar no programa para gerar créditos. Basta informar o seu CPF ou CNPJ no ato da compra. Para consultar os seus créditos, o consumidor deverá gerar uma senha na página Internet da Nota Fiscal Paulista (www.nfp.fazenda.sp.gov.br), fornecendo algumas informações básicas. O acesso à página da Nota Fiscal Paulista também pode ser feito pelo site da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (www.fazenda.sp.gov.br).

No sistema da Nota Fiscal Paulista, o consumidor informará alguns dados básicos, obterá uma senha e terá acesso a todas as informações referentes ao programa, tais como: o total do crédito a que terá direito, a forma de como gostaria de utilizar o crédito, as Notas Fiscais de venda a consumidor e Cupons Fiscais em que indicou seu CPF, impressão dos documentos fiscais, acompanhamento das reclamações registradas, entre outros. Se as notas fiscais forem emitidas em um talonário convencional, em vez de eletronicamente, o tempo para a transmissão dos dados pode ser ainda maior. No entanto, ele não deve ultrapassar o dia 15 do mês seguinte. Mas se os créditos realmente não aparecerem neste período, o consumidor pode entrar em contato com a secretaria. No site da própria secretaria, é possível cobrar o crédito não debitado. Para isso, no entanto, de acordo com a Secretaria da Fazenda, é importante que o consumidor guarde a nota ou cupom fiscal como prova da transação. A devolução dos créditos do ICMS será feita em dinheiro duas vezes por ano. Para as compras efetuadas de janeiro a junho, a devolução ocorrerá a partir de outubro do mesmo ano. Para as compras realizadas de julho a dezembro, em abril do ano seguinte.


Desconto no IPTU

A Nota Fiscal Eletrônica de Serviços - NF-e é o documento emitido e armazenado eletronicamente em sistema próprio da Prefeitura do Município de São Paulo, com o objetivo de registrar as operações relativas à prestação de serviços. Estão obrigados à emissão da NF-e todos os prestadores de serviços constantes da tabela anexa à Portaria SF nº 72/2006 que auferiram, no exercício de 2005, receita bruta de serviços igual ou superior a R$ 240.000,00, considerando-se todos os estabelecimentos da pessoa jurídica situados no Município de São Paulo. O manual completo é encontrado no site http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//nfe/files/Manual-NFe-PF-v2-2.pdf.

Benefícios para a Pessoa Física: crédito de 30% do ISS incidente sobre o serviço contratado e que poderá ser utilizado para abatimento do IPTU do exercício seguinte, limitado a 50% do valor do IPTU do exercício corrente. Não é exigido nenhum vínculo legal do tomador do serviço com os imóveis por ele indicados. Somente as pessoas físicas domiciliadas no Município de São Paulo terão direito ao crédito. O crédito somente será gerado, tornando-se efetivo para utilização, após o recolhimento do ISS pelo prestador de serviços. Os créditos serão acumulados e totalizados em 31/10 de cada ano. Entre os dias 1º e 30/11, os tomadores de serviços indicarão, no sistema, os imóveis que receberão os créditos.

Cadastramento: para as pessoas físicas que desejam acessar o sistema da NF-e, será necessário inicialmente cadastrar a sua senha de acesso. O sistema da NF-e poderá ser acessado pelo endereço eletrônico www.prefeitura.sp.gov.br/nfe. Clique em “Acesso ao Sistema” para iniciar o cadastramento. É necessário preencher o seu CPF, Nome, Data de Nascimento e CEP, exatamente como informado na sua Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física – 2005. Se os dados informados estiverem corretos, o sistema enviará um e- mail contendo um link para o cadastramento de sua senha. Ao clicar neste link, você será direcionado para a tela de Configurações do Perfil. Por meio das Configurações do Perfil, você poderá informar seus dados para contato, autorizar a utilização automática dos seus dados quando receber uma NF-e, além de receber automaticamente as NF-e por e mail.

Pedindo a nota fiscal: ao informar seus dados ao prestador de serviços, durante o preenchimento da NF-e, sempre informe o seu CPF. Embora o preenchimento do CPF seja opcional, se o tomador de serviços não informar o seu CPF, você não terá direito ao crédito. É possível, a qualquer momento, acessar o site da prefeitura para verificar a autenticidade de NF-e; basta digitar o número da NF-e, o número da inscrição no CNPJ do emitente da NF-e e o número do código de verificação existente na NF-e. Se a NF-e for autêntica, sua imagem será visualizada na tela do computador, podendo, inclusive, ser impressa. A validade dos créditos será de 5 (cinco) anos contados do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao da emissão das respectivas NF-e.

Estabelecimentos cadastrados: já somam quase 60 mil. A listagem desses estabelecimentos inclusive com endereço pode ser acessada pelo link https://nfe.prefeitura.sp.gov.br/listaprestadores.aspx


by Marcos Crivelaro, professor PhD da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e da Faculdade Módulo, especialista em matemática financeira e consultor em finanças, especial para o Blog do Guga