quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Tamar: 28 anos de proteção aos Cheloniidaes
Ameaças
De cada mil filhotes que nascem, somente um ou dois conseguem atingir a maturidade. Os obstáculos naturais que eles enfrentam, mesmo quando se tornam juvenis e adultos, são impressionantes. Mas o principal predador ainda é o homem, o maior responsável pelo risco de extinção sofrido pelas tartarugas marinhas.
Os primeiros predadores naturais são raposas, caranguejos, formigas e raízes de plantas, que invadem ovos e filhotes ainda no ninho. Ao nascerem, os filhotes se tornam vulneráveis à predação por aves, caranguejos e por uma série de predadores no oceano.
Na maturidade, as tartarugas marinhas são relativamente imunes à predação, a não ser pelo ataque ocasional de tubarões.
A exceção é a desova, o momento mais vulnerável na vida de uma fêmea adulta, pois é quando ela está fora de seu habitat, o mar, tornando-se assim mais lenta e indefesa, podendo ser atacada pelo homem e alguns animais terrestres silvestres e domésticos.
Nenhuma ameaça natural é capaz de representar perigo de extinção para as tartarugas marinhas. São as atitudes predatórias do homem que as colocaram nessa situação de risco.
Caça e Coleta de Ovos
Até a década de 80, era um hábito comum matar tartarugas marinhas para se consumir a carne e usar o casco para fazer armações de óculos, pentes e enfeites como pulseiras, anéis e colares. Geralmente, elas eram capturadas quando subiam à praia para desovar. Também os ovos eram retirados, pelos habitantes dessas praias, para alimentação. Hoje, essas práticas não acontecem mais nas áreas de atuação do Projeto Tamar.
Pesca
A pesca incidental é atualmente a principal ameaça às tartarugas marinhas. Presas, incidentalmente, nas redes (ou outras artes de pesca, como currais, arrastos, anzóis) e portanto sem poder subir à superfície para respirar, as tartarugas acabam desmaiando ou mesmo morrendo afogadas.
Entre todas as artes de pesca, as industriais representam a maior ameaça. Dessas, a pesca de arrasto de camarão é considerada, em todo o mundo, uma das mais predatórias, sendo seguida pelo espinhel. Um dispositivo de escape chamado TED tem sido aplicado às redes de arrasto, na tentativa de reduzir as mortes.
A educação ambiental é outra estratégia importante. O Tamar desenvolve há anos a campanha educativa 'Nem Tudo que Cai na Rede é Peixe', ensinando o pescador a reanimar a tartaruga e devolvê-la ao mar.
Sombreamento
Construções altas e plantações em grande parte no litoral podem aumentar significativamente o sombreamento das praias de desova, diminuindo a temperatura média da areia e podendo provocar um aumento no número de filhotes machos.
Iluminação Artificial
A incidência de luz artificial nas praias, resultado da expansão urbana sobre o litoral, prejudica as fêmeas e filhotes. Muitas fêmeas deixam de desovar se a praia está iluminada demais. Os filhotes, por sua vez, ficam desorientados com as luzes artificiais, que o atraem mais do que a luz natural do horizonte, fazendo-os caminhar para o continente ao invés do mar, onde fatalmente são atropelados ou morrem de desidratação.
Por isso, o Tamar conseguiu aprovar leis que impedem a instalação de novos pontos de luz em áreas de desova e, hoje, faz uma campanha para substituição, nessas áreas, das luminárias convencionais por outras, especialmente desenhadas, para que a luz não incida diretamente sobre a praia.
Trânsito de veículos nas praias de desova
O trânsito de veículos nas praias de desova pode aumentar a mortalidade nos ninhos de tartarugas. A compactação da areia impede a subida dos filhotes após a eclosão dos ovos. Além disso, as marcas de pneus na areia dificultam a caminhada dos filhotes em direção ao mar e o risco de atropelamento é constante. É proibido o trânsito de veículos nas principais áreas de desova das tartarugas marinhas no litoral.
Poluição
A poluição das águas por elementos orgânicos e inorgânicos, como petróleo, lixo, esgoto, interfere na alimentação e locomoção, e prejudica o ciclo de vida desses animais, constituindo-se numa das principais ameaças direta e indireta, pois degradam o ambiente marinho como um todo. (fonte: www.tamar.org.br)