sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Crimes apontados na Operação Pandora foram praticados durante a campanha tucana de Lippi

Prefeito de Sorocaba/Luiz Setti
Os crimes que a Polícia Civil e o Ministério Público apontaram durante a investigação da Operação Pandora, que indiciou os ex-secretários da Prefeitura de Sorocaba, José Dias Batista Ferrari (Habitação) e Maurício Biazotto Corte (Governo), por formação de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência, foram praticados em 2008, ano da instalação do hipermercado Extra, no Parque Campolim, e da campanha do prefeito Vitor Lippi (PSDB) à reeleição.

À época, o secretário de Habitação, Urbanismo e Meio Ambiente (extinta Sehaum), José Dias Batista Ferrari, deixou o cargo público na Prefeitura de Sorocaba para se dedicar como coordenador da coligação tucana 'Sorocaba do Trabalho e da Justiça Social'. Foi na mesma época em que Maurício Biazotto Corte, então secretário de Governo e Planejamento (SGP), iniciou romance com a assessora da empresária Ivanilde Vieira Serebrenic, Valéria Cavaler. Hoje estão casados.

Durante a campanha eleitoral, Ivanilde, que presidia a regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), manteve laços políticos estreitos com Lippi. Presidente do Partido Social Cristão (PSC), a empresária recebeu, por diversas vezes, comitivas de políticos tucanos em seu escritório, localizado no mezanino do posto de combustíveis que mantém na avenida Dom Aguirre. Biazotto, Ferrari e o próprio Lippi se reuniram no local para tratar de apoios para a campanha.

A primeira pesquisa à corrida eleitoral de 2008, que apontou Lippi como o grande favorito à reeleição, foi encomendada ao Instituto de Pesquisa de Sorocaba (Ipeso), a pedido de Ivanilde. Ela, inclusive, procurou Biazotto para pedir o auxílio da SGP na questão de um embargo às obras do hipermercado Extra, no Parque Campolim. Segundo o próprio ex-secretário, a empresária se dizia amiga do engenheiro Humberto Amaral Monteiro, indiciado no inquérito.

Ao jornal Cruzeiro do Sul, Biazotto disse ontem, por telefone, que em um dia de 2008 sentou-se à mesa com representantes do Extra para resolver uma questão junto à Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), a respeito da abertura de um acesso ao hipermercado entre a rua professor Horácio de Mesquita Camargo e a Rodovia Raposo Tavares.

No mesmo período, Ivanilde e Valéria viajaram a Bariloche, na Argentina, região onde se pratica esqui na neve. Dois meses depois do retorno a Sorocaba, as duas teriam rompido a amizade, incluindo os laços profissionais, devido a compras de eletrodomésticos no Magazine Luiza, feitas por Valéria com o cartão de crédito de Ivanilde. O caso é citado no inquérito.

Biazotto e Ferrari frisaram que só se pronunciarão após os respectivos advogados de defesa tomarem ciência das acusações. A Secretaria de Comunicação (Secom) informou que Lippi também não comentaria o assunto. No final do ano passado, a Prefeitura arquivou uma sindicância aberta para apurar as possíveis irregularidades na Administração apontadas na Operação Pandora.

Em nota, o hipermercado Extra ressalta "que pauta suas ações na ética, sempre mantendo sua conduta na obediência irrestrita à legislação brasileira, bem como aguarda a manifestação do Ministério Público com a decisão do juízo competente".

by Gustavo Ferrari