segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Show da Ivete: festival de excessos na sexta

Aldo V. Silva/Glicose intravenosa
Jovens sendo carregados, desacordados; menores de idade consumindo álcool e drogas, e também vendendo para outros; maiores de idade propagando a desordem; nos banheiros químicos, adolescentes trocando 'experiências sexuais'.

Para os oito voluntários do Poder Judiciário do Juizado da Infância e Juventude, o cenário promovido pelos jovens - que não teve nada a ver com a produção do show da Ivete Sangalo, que trabalhou dentro dos princípios éticos e morais - havia se transformado em uma "verdadeira balbúrdia". Já para a Polícia Militar (PM), que fazia a segurança preventiva fora do recinto, uma "calmaria". O saldo disso tudo: um maior de idade preso, com R$ 1.500,00 em notas falsas de R$ 50 e R$ 100; mais de 60 pessoas atendidas na enfermaria; dezenas de doses de glicose intravenosa aplicadas; pais sendo acionados pelas autoridades e brigas esporádicas nas redondezas da Ceagesp. Até às 23h a cantora baiana não havia subido no trio-elétrico Demolidor para cantar.

"Há pessoas sem condições de assistir ao show. Em vez de vir para assistir o espetáculo, vêm para beber e arrumar confusão. Uma verdadeira balbúrdia, com cenas deploráveis de comportamento anti-social, inclusive com pessoas mantendo relações sexuais nos banheiros. A organização, que foi muito boa, não deu conta de conter todos os excessos, que foram muitos. Uma situação precária, em um lugar que ninguém demonstra ter educação", desabafou o chefe dos oito voluntários, que tentava devolver a ordem ao lugar, Luiz Celso Xavier de Souza.

Os responsáveis pelo judiciário foram unânimes em afirmar: "Este tipo de evento deveria ser permitido só para maiores de 18 anos". Os três médicos, contratados para atender as mais de 13 mil pessoas que compareceram à Ceagesp, não deram conta da demanda de jovens desacordados devido à ingestão de álcool e drogas. "Tem muita gente em estado ruim", disparou um dos médicos, que chegou a solicitar, por telefone, o apoio de outros colegas ao local.

Segundo Souza, um relatório, contendo os atendimentos do serviço ambulatorial do evento, junto dos registros policiais das ocorrências, será produzido e levado, na próxima semana, ao conhecimento do juiz da Vara da Infância e Juventude. "Teve muita gente vinda de fora de Sorocaba; nem sempre é possível identificar todos", ressaltou.

Prisão

Por volta das 19h, um rapaz foi preso, em flagrante, pelos voluntários do Poder Judiciário, repassando notas falsas de R$ 50 e R$ 100 fora do recinto. Com ele foram apreendidos R$ 1.500,00. Ele foi levado pela Guarda Municipal (GM) ao plantão policial da Zona Sul.

Fiscais da Prefeitura de Sorocaba apreenderam a mercadoria (garrafas de vodka, cachaça e latas de cervejas) de mais de 50 ambulantes. "Vender bebida não é proibido. Não estou entendendo esta ação", gritou um dos ambulantes fiscalizados.

Brigas também foram presenciadas pelas autoridades. Um menor chegou a ser espancado por três jovens. Uma garota também foi agredida. No estacionamento externo, um menor de 17 foi detido vendendo pinga de metro. Com ele, os voluntários encontraram, também, seis latas de cerveja dentro de uma mochila. "Vim com meu pai, que trabalha como ambulante", disse o menor.

O Poder Judiciário acionou mais de 60 pais, que compareceram ao local. Lá encontraram seus respectivos filhos embriagados ou desacordados. "Esse é o efeito da juventude de hoje, que não mede esforços para abusar e enfrentar as autoridades. A sociedade precisa tomar ciência do que ocorre na noite e, principalmente, em eventos dessa natureza", finalizou Souza.

by Gustavo Ferrari