terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Quelóide

Edredon/Reprodução
Em um fio de cobre que liga dois pólos, a distância separa o riso do choro; a seiva bruta que brota da terra sob a bota de um lenhador traz fertilidade...; os horizontes que camuflam o crepúsculo, suave, atemorizam; solidão e fé curam a saudade de poucos dias.

Fechar, pelo ato em si, macula uma ação inadiável; cor, voz, rouquidão insurgem de ecos astro-universais; cores moduladas, que apimentam os olhos, clareiam águas passadas; mãos erguidas, descansadas, saúdam um novo momento.

Então, o ver, assim como o assistir, impossibilitam críticas positivas; sem retrocesso ou passos convalescidos de angústia, ódio; a ganância, que cobra pela posição de superioridade, é permitida; mas a incerteza de uma ação sucedida se retarda com o surgimento...

Fraqueza, sem gravidade, impulsiona ritos primitivos de raiva, tristeza, angústia; a bizarrice, introduzida na linguagem, dislexia da verdade, amedronta sentimentos; abre fendas que se juntam às reversas estampas da derme, epiderme e hipoderme; dor sensível, aglutinada, fantasiada...desfecho simples, imutável, justo, caseiro.

Se o vento trouxe levará embora tradições que se mantêm infindáveis, sempre; calor, que derrete, que fere, que atormenta, que desafia, que apavora...; força nutrida pela vontade máxima de encontrar, rever, apaziguar, olhar; a emoção, aquela capaz de agir eficazmente nos ombros, músculos, dedos.

Quando há a possibilidade de percebimento árido de simplicidade, a mensagem, decodificada, se traduz em princípio ativo de feroz gratidão; gesto, um gesto humanitário de crença, aceitação do belo, que mantém o riso, simples, afável, grato. Só isso é capaz de curar...ó distância.

by Gustavo Ferrari