sábado, 23 de outubro de 2010

Analista surta, mata o sogro e esfaqueia a família

Gustavo Ferrari/Velório de Eli Badin, sogro de Papick
Um surto psicótico jamais deixará os moradores da pacata rua Damácio de Azevedo, no Jardim Dr. Laurindo, em Tatuí, sossegados.

A maioria deles - que reside num local de classe média - presenciou o analista Papick Richard Bianchi Viscelli, de 25 anos, assassinar, com 20 facadas, o sogro Eli Benedito Donizetti Badin, de 47 anos; desferir 11 facadas na sogra Rosana Maria Unterckirsher Badin, de 46 anos; acertar a esposa Erica Unterckirsher Badin, de 22 anos, com sete facadas; o próprio pai, o médico psiquiatra Pérsio Viscelli, de 56 anos, com duas facadas na perna e a própria mãe Jandira Candido, de 54 anos, com outra facada.

O crime de homicídio e as várias tentativas de homicídio ocorreram às 17h30 de quinta-feira e começaram na residência de número 65. Terminaram no meio da via pública.

Papick só foi contido com a chegada de três viaturas da Polícia Militar (PM). Ele tentou se matar, mas os policiais conseguiram evitar que ele tirasse a própria vida. O motivo, segundo informações dos vizinhos, seria o término do relacionamento que o rapaz mantinha com a esposa. Os dois possuem um filho de um ano e dois meses.

A sociedade tatuiana ficou chocada com a tragédia. No velório de Eli, que foi sepultado às 17h30 de ontem, vestindo uma camiseta do Santos Futebol Clube, no cemitério municipal, a tristeza se transformou em dor e revolta. "Era um trabalhador que não merecia esse fim", disse um dos familiares.

Os pais do autor dos delitos tiveram alta médica. A sogra Rosana foi internada num dos hospitais do município. Já a esposa Erica teve de ser transferida para o Hospital Regional de Sorocaba.

Segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde, a mulher permanecia estável. Ela havia passado pela clínica vascular da unidade, com ferimentos nos ombros e cotovelos. Passaria, ainda na noite de ontem, por avaliação ortopédica, mas não corria risco de morte. Porém, poderia ser submetida a uma cirurgia.

Papick desferiu os golpes utilizando uma faca de cozinha do modelo Tramontina de 20 centímetros. A arma branca foi apreendida e encaminhada ao Instituto de Criminalística de Itapetininga (IC).

Natural de Bauru, ele era tido pela vizinhança como uma pessoa "calma" e "trabalhadora". "Queria ser médico, igual o pai", ressaltou um outro familiar.

Homicídio qualificado

Assim que foi preso, Papick foi indiciado por homicídio qualificado pelo delegado José Alexandre Garcia Andreucci e encaminhado a uma carceragem da região.

Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o seu paradeiro não seria divulgado à imprensa. No entanto, o Cruzeiro do Sul obteve a informação de que ele passou a madrugada de sexta-feira na Delegacia Seccional de Itapetininga.

No boletim de ocorrência, o subtenente Vieira e o soldado Amaral relataram ter sido acionados por transeuntes que presenciaram os fatos.

Quando chegaram à rua Damácio de Azevedo, flagraram Papick atacando o sogro, enquanto tentava ser contido pelo próprio pai. "Ele desferiu diversos golpes no pescoço dele. Foi difícil assistir a essa cena", comentou uma vizinha que preferiu o anonimato.

Os moradores locais disseram que o rapaz "surtado" só foi contido quando os policiais conseguiram acertá-lo com galhos de árvore e pedaços de madeira.

"Toda a ação durou cerca de dez minutos. Podiam (os policiais) ter atirado na perna dele, mas não fizeram isso", questionou uma senhora que também presenciou o crime. "Dava para ver um ódio no rosto deste menino", acrescentou.

No comando da PM de Tatuí, um dos sargentos disse que não havia como os policiais dispararem tiros no rapaz, porque havia "muitas crianças" passando pela via "naquele momento".

Na esquina da rua Damácio de Azevedo existe uma escola municipal. No horário das 17h30, os alunos deixam a unidade.

by Gustavo Ferrari