Gustavo Ferrari/Avenged Sevenfold
A banda norte-americana de metal californiana Avenged Sevenfold levou as 50 mil pessoas - que se encontravam na Arena Maeda -, segundo balanço divulgado às 20h de ontem, pela organização, ao delírio.
Eram fãs do quinteto de todas as idades, raças e nacionalidades. "Vim de Montevideu, no Uruguai, só para ver o conjunto", disse a fonoaudióloga Katrina Sanes.
O diferencial da apresentação, em Itu, foi sem sombra de dúvida o baterista Mike Portnoy, ex-Dream Theater, que substituiu Jimmy 'The Rev' Sullivan, falecido no começo do ano.
Gustavo Ferrari/Mike Portnoy quebra tudo!
Com agressividade e uma pegada inconfundível, principalmente nos dois bumbos, sendo considerado um dos melhores da atualidade no segmento - segundo a conceituada revista Modern Drummer - o baterista tocou em pé, fez graça e foi o mais aplaudido dos cinco pelo público.
Novamente o frio e o vento tentaram incomodar os participantes do Festival SWU. Tentaram, porque a sonoridade do Avenged Sevenfold impediu qualquer um de ficar parado.
A banda abriu o show com 'Nightmare', faixa título do recém-lançado álbum que recebe o mesmo nome e é uma homenagem a 'The Rev'.
Em seguida, os participantes viram e ouviram uma 'metralhadora pesada' de sucessos. 'Critical Acclaim' e 'Welcome to the Family' - também do último álbum -, levantaram suspiros do engenheiro André Gomes. "Que show!", se limitou a dizer ao Cruzeiro do Sul, na pista premium.
Com 'Beast & The Harlot', a banda - formada em 1999 por Matthew Sanders 'M. Shadows' (vocal), Zachary Barker 'Zacky Vengeance' (guitarra), Bryan Hanner 'Synyster Gates' (guitarra) e Jonathan Seward 'Johnny Christ' (baixo) -, parecia saída de uma 'tumba recém-aberta'. "Se assemelham a bonecos de cera", brincou a estudante de Letras, Vanessa Maraico.
O quinteto seguiu a apresentação, que durou cerca de uma hora, com 'Buried Alive', 'Afterlife', 'God Hates Us All' - cantada com 'M. Shadows', de óculos escuros, esgoelando a voz, 'Unholy Confessions' e 'Almost Easy', a última da noite.
Da nova safra do rock pesado, o Avended Sevenfold demonstra competência e excelente presença de palco, fatores predominantes a quem almeja reinar no disputado cenário do mainstream.
Irmãos Cava
Gustavo Ferrari/Cavalera Conspiracy
Parecia que Max e o irmão Igor estavam de volta ao Sepultura. A união dos dois no Cavalera Conspiracy abriu uma enorme roda no meio do público.
'Quebradeira total', referiu-se o advogado Almir Júnior, ao bater cabeça quando a banda tocou 'Inflikted', a faixa inicial do setlist, em Itu, e também a primeira do álbum homônimo lançado pelo quarteto, em meados de 2008.
Essa foi, também, a primeira vez que os irmãos tocam em território brasileiro, desde a saída de Max do antigo grupo, em 1996.
Com 'Refuse/Resist', do álbum 'Chaos A.D.', - sucesso do Sepultura - o 'bicho pegou' na Arena Maeda. Uma enorme poeira subiu entre os fãs, que se espremeram para ver, rente à grade de proteção, a dupla estremecer as estruturas do Palco Água, no Festival SWU.
Parecia que a arena toda estava extasiada. Em seguida, o que se viu foi pura 'porradaria sonora'. Não faltaram músicas como 'Sanctuary', 'Troops of Doom', 'Attitude' e a clássica 'Roots Bloody Roots', que, coincidentemente, está no último álbum gravado por Max, na era Sepultura.
Gustavo Ferrari/Público se espreme para ver os Cavalera
'Demais isso cara, os irmãos são uma verdadeira lenda brasileira do rock', disse o publicitário Marcos Afonso de Lima.
No final da apresentação, a tradicional marca dos irmãos - levantar a bandeira brasileira e saldá-la - garantiu aplausos demorados na tarde de ontem. Realmente, o SWU conseguiu reviver, pelo menos no terceiro e último dia, o bom e velho metal 'Made in Brazil'.
Hard sueco
Gustavo Ferrari/Crashdïet
A áurea fase do Hard Rock oitentista durou 30 minutos na Arena Maeda, com a apresentação dos suecos do Crashdïet. Empolgados por tocar para uma multidão - havia mais de 25 mil às 15h45 de ontem - os roqueiros mostraram faixas do terceiro álbum, intitulado 'Generation Wild'.
'Isso lembra Guns 'N' Roses, não?', indagou o estudante do terceiro colegial do Ensino Médio, Thiago Pereira, de 17 anos. Ele estava com o irmão Lucas, na pista premium do evento.
O show foi aberto com 'Breaking the Chainz' e em seguida a banda executou 'Rebel'. Com 'So Alive', o quarteto de Estocolmo fez a galera, que aguardava com a ansiedade a apresentação dos irmãos Cavalera, levantar os pés do chão. 'Rock ’N’ Roll!', berrou a jornalista Fátima Terra, também na área vip do Festival SWU.
Com um visual totalmente de couro, lembrando um pouco os tempos de Dennis Hopper, em 'Easy Rider - Sem Destino', e do punk britânico da década de 70, com os Sex Pistols, o vocalista do grupo, Simon Cruz, soltou a voz em 'Riot in Everyone', o principal hit do Crashdïet. O público curtiu e cantou junto.
O sol forte, que ardeu a visão daqueles que estava sem os tradicionais óculos escuros, não atrapalhou o visual da projeção digital do telão de LED instalado no fundo do Palco Água.
Nele, imagens de fogo se contrapunham à apresentação do quarteto. 'Generation Wild', a faixa título do último álbum, fechou a rápida apresentação dos suecos na cidade de Itu. Semana passada, o mesmo grupo já havia tocado para mais de 400 pessoas no Inferno Clube, localizado na rua Augusta, em São Paulo.
De tudo um pouco
Gustavo Ferrari/Movimento em prol da sustentabilidade
Durante os três dias de cobertura do Festival SWU foi possível perceber de tudo um pouco na estrada vicinal que liga os acessos viários ao local do evento.
Pessoas compravam latas de cerveja a R$ 6; mulheres urinavam na frente de muitos transeuntes; flanelinhas cobravam até R$ 100 para 'tentar' arrumar uma vaga no estacionamento da organização; droga, como maconha, rolava à vontade.
Mas o que chamou a atenção da reportagem foi o pequeno Júnior, de 5 anos. Ele empurrava um carrinho de pedreiro abarrotado de latinhas vazias quando foi fotografado. "É para a minha mãe", disse o menor, mostrando os dedos da mão, como forma de informar a idade.
Para o vendedor de sorvetes, Osmar Souto, o festival rendeu uma "boa grana". "Até agora (isso às 14h30 de ontem) eu havia vendido mais de dois mil picolés. Deu para faturar legal", ressaltou.
Entre os seguranças do evento, a 'briga' foi para arranjar um assento num dos ônibus contratados para transportá-los. 'Tá uma luta isso aqui', destacou um deles.
Gustavo Ferrari/Camping Premium
Na área do camping premium, a manhã raiou às 15h. Até o final da tarde, pessoas ainda dormiam esparramadas pela grama do local.
O registro de presos portando entorpecentes chegou a 47, segundo informações da organização do evento. Nenhuma briga havia sido registrada.
Kings decepção
Gustavo Ferrari/Público lotou o Maeda
Sabe quando aquelas bandas se apresentam somente por causa da assinatura contratual? Foi essa a impressão que a imprensa e o público tiveram do show do Kings of Leon, na fria noite de domingo.
Apáticos no Palco Ar, os irmãos Caleb Followill (guitarra e vocal), Jared (baixo), Nathan (bateria) e o primo Matthew (guitarra) só não dormiram durante a apresentação por causa da popular 'Use Somebody'.
Foi a penúltima canção e a única cantada, em coro, pelo público presente, estimado em 57 mil pessoas, segundo os organizadores do evento.
O quarteto abriu o show com 'Crawl', do álbum 'Only by the Night', de 2008. Sem empolgar, tocou, em seguida, 'My Party', 'Closer' e 'Four Kix'.
"Horrível", resumiu a artista plástica Bianca Eleonora. "Parecem mumificados no palco", brincou a paulistana, que estava acampada em área específica do próprio evento.
Do último trabalho de estúdio, 'Come Around Sundown' - o quinto dos norte-americanos, programado para ser lançado no começo de novembro, o quarteto não tocou executou nenhuma faixa durante a apresentação.
"Pensei que fosse ouvir algo novo. Achei o show bem fraquinho", concluiu Bianca. O setlist, composto de 20 músicas, durou um pouco mais de 1h30.
"Gostei somente de 'Sex on Fire'", ressaltou o estudante de Direito, Paulo Andrade. Não houve registro de tumulto durante a saída do público na Arena Maeda naquela madrugada.
by Gustavo Ferrari