Neusa ri e Martinez sua/Luiz Setti
Vinte e seis cargos aprovados - em quatro sessões extraordinárias - que duraram 18 minutos.
Foi assim que os 20 representantes da população sorocabana, na Câmara, consumaram, ontem pela manhã, a criação da Secretaria de Comunicação Institucional; os reajustes salariais do prefeito Vitor Lippi (PSDB), do vice-prefeito, José Ailton Ribeiro, e dos 22 secretários municipais; a redução da jornada de trabalho dos funcionários com nível superior, e o aumento da folha de pagamento do Legislativo em R$ 1 milhão por ano. Tudo isso no chamado 'pacotão de projetos'. Resultado: foram presenteados com cabides por manifestantes.
Em fila indiana, puxada pelo presidente da Casa, José Francisco Martinez (PSDB), os vereadores entraram no plenário às 9h10. Três minutos depois, começaram a primeira sessão. Dispensaram a leitura dos projetos e também dos pareceres.
Em seguida, as seis comissões foram autorizadas a assinar os documentos. E aprovaram, às 9h24, - sem votar pelo painel eletrônico -, a criação dos 26 cargos comissionados (secretário de Comunicação Institucional - salário de R$ 7.663,35 mais 40% se tiver nível superior, 22 de assistente parlamentar, dois de assistente de secretaria e um para Chefe de Seção de Telefonia), além de transformar as consultorias jurídica e geral em secretarias. "Olha o cabidão de emprego aí", gritou um dos manifestantes na assistência.
DispensasA segunda sessão começou às 9h26. Os 20 vereadores aprovaram o aumento da fixação dos subsídios salariais de Lippi (R$ 17.881,16), Ribeiro (R$ 10.728,69) e dos 22 secretários (R$ 10.728,69 cada). "Ninguém é palhaço não", berrou outro manifestante.
A terceira sessão iniciou-se às 9h28. Os parlamentares dispensaram, assim como nas votações anteriores, a leitura dos projetos, dos pareceres e também o painel eletrônico. Aprovaram a redução da jornada de trabalho dos servidores efetivos da Câmara com nível superior, de 35 horas para 30 horas. "Xi...que marmelada! Vieram para aprovar tudo! Aqui não tem crise, não!", falou outro manifestante.
A quarta e última sessão ocorreu às 9h30. Foi a mais rápida de todas. E como nas anteriores, os 20 vereadores aprovaram a celebração de convênio com a Guarda Mirim, que autoriza a contratação de seis jovens aprendizes, com idades entre 16 e 17 anos - e que estejam frequentando o ensino regular ou supletivo. Um minuto depois, deixaram o plenário, da mesma forma que entraram: em fila indiana.
CabidesOs parlamentares receberam cabides dos representantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial no Estado de São Paulo (Apeoesp), do Centro Acadêmico de Direito da Universidade Paulista de Sorocaba (Caduso) e do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Sorocaba (DCE Capucho/Uniso).
"Pisquei, a sessão acabou! Foi um golpe para desperdiçar R$ 1 milhão em acordos políticos. Ficamos chocados com tudo isso...uma votação sem precedentes", disse o presidente do DCE Capucho, Gilson Amaro.
Dos 20 vereadores, só três falaram à imprensa: Francisco França (PT), Hélio Godoy (PSDB) e Martinez. "A votação foi rápida...era necessário aprovar tudo", ressaltou o petista. "Tivemos maioria absoluta nas votações. A Câmara é um espaço democrático e é normal manifestos assim", disse Martinez.
Comenta-se, nos bastidores políticos do Legislativo, que o cargo de secretário de Comunicação Institucional será ocupado pelo publicitário Carlos Laino - ex-marqueteiro político da campanha tucana na última eleição.
"Não estou sabendo de nada! Caso receba o convite, aceitarei com o maior prazer", afirmou Laino. "Não sei...ainda não tenho o nome do secretário", ressaltou Martinez. Vale lembrar que os cargos de confiança são nomeados pela Mesa Diretora da Câmara. Só serão ocupados após a publicação da lei.
by
Gustavo Ferrari
