terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A cátedra de Apolo - Ato I: Virtude

Reprodução
Em Gênova, na região da Ligúria, Itália, Franz Amün, um agitado cirurgião dentista aposentado interfere ferozmente na vida de sua filha caçula, a pequena Ziléia. O senhor de 84 anos pretende casar a filha, de 17, ainda no período fértil da nova safra de uvas que acabara de colher em sua gigantesca parreira.

O sonho de Ziléia é Astor, filho de Tehar, um dos jovens mais ricos do norte de Maranello, na região de Emília-Romanha, na província de Modena. A pequena Amün pretende se entregar a Astor ainda neste ano, quando completa a maioridade. Sem o apoio do esposo, Keandra, a mãe da moça, busca forças para fazer da vontade da filha uma realidade concreta.

Entre Gênova e Maranello, o promíscuo Conrado, de 21 anos, teima em desafiar o padrastro Liaca, na província de Rimini. "Se Alexis de Tocqueville conseguiu a democracia idealista no sul da França, não será um débil como você que irá impedir minha felicidade frente aos gracejo de Ziléia", disparou o mascate, que também ama a moça.

No pensamento de Liaca, o enteado não suportaria a viagem até Gênova, principalmente a travessia entre as monhantas de Forli-Cesena. Tampouco seria capaz de realizar o translado em cima de um burrinho, que só não era mais vagabundo do que a carga por se fartar de boa alimentação.

François, o enrustido, como era conhecido no castelo da família Amün, era o único que fazia as vontades 'nefastas' do patrão. Costumava guardar em um cofre de cobre todo o perfume que Franz mandava buscar em Toulouse, na Alta Garona, sul da França. "Monsieur Amün: a pobre Ziléia precisa namorar, monsieur. Não é justo uma moça quase adulta, bonita, ficar trancada enquanto vossa senhoria a mantém casta", disse o mordomo. "Cuida da sua vida, se nem o prato de comida te darei mais neste castelo", rebateu o cirurgião dentista.

Sem o apoio moral de seu pai e a ausência premeditada de Keandra, sua mãe, Ziléia decide procurar, na feitiçaria aprendida nas aulas de Alquimia, a solução para deixar a vida de 'princesa' sem liberdade e encontrar a libertinagem que tanto pulsa em sua corrente sanguínea, seja com Astor ou com Conrado.

by Gustavo Ferrari