terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A cátedra de Apolo - Ato IV: Limbo

Reprodução
Era noite quando Cassandra adentrou ao palácio. "Vejo que estás mais bonita, mademoiselle", ironizou Franz Amün. "Já eu vejo que tu estás mais velho, corcunda e careca", sorriu a eterna 'modelo' napolitana. "Ande, vamos, François. leve tudo isso para cima e arrume o quarto da nossa querida Cas", ordenou Keandra.

Cas era apelido de Cassandra desde a infância. Ziléia preferia chamá-la sem intimidades. Sabia que a mulher não cheirava a uma boa flor. "Como vai titia, fez boa viagem?", perguntou a sobrinha. "Claro que fiz, sempre faço. E você, como estás?", questionou a moça, notando que algo não se encaixava naquele momento. "Indo", respondeu secamente.

Na manhã seguinte, Ziléia não apareceu para tomar o café matinal. "Vá buscá-la", gritou Franz a François. Quando se deparou com a enorme porta de Angelim, madeira importada de Recife, no Brasil, o magrelo percebeu que a jovem não estava no quarto. "E agora?", pensou, sabendo que um problema enorme acabara de acontecer.

"Não encontrei vossa filha, senhor", disse o mordomo ao patrão. A mesa balançou. "Mas, como?", tremeu o dono do castelo. "Ela não está lá, senhor. Procurei em todos os cômodos do quarto e nada, nadinha dela", respondeu François. "Coloque sua capa e traga um cavalo extra. Vamos encontrá-la", gritou Amün.

Passava das 17h quando Ziléia começou a chorar de emoção. O sorriso estampado meio às lágrimas demonstrava a felicidade da moça em cavalgar sentido a Rimini. Cassandra, sua tia, facilitou a saída do castelo. Só não sabia que Franz, seu cunhado, seria capaz de matar Keandra, sua irmã, pela fuga da filha.

Ao ver o assassinato, François foi para cima do patrão. A garrafa quebrada, usada para matar a mulher, era, de fato, uma verdadeira arma branca. "Pare, senão te mato aqui mesmo", resmungou Franz. Sem titubear, o mordomo tascou uma mordida no pescoço do cirurgião e bebeu todo o sangue que escorria. "Pelo menos viverei mais um século. E em paz, sem ninguém para me aborrecer", comemorou o magrelo.

by Gustavo Ferrari