PR/Maracanã
Estava pior do que oba-oba político. Salvo pelo enorme gongo Paiste de Copeland, o Police subiu ao palco às 21h30 em ponto, com verdadeira pontualidade britânica. Diferentemente dos ingleses, que são sérios, a produção carioca transformou a área vip do Palco Premium na subsede do 'Projac'.
Distante de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde gravam, os artistas globais estavam totalmente 'desglobalizados' no show. Tive a impressão de que muitos deles nem sabiam o que estavam fazendo no estádio.
Em "Message in a bottle", o jornalista Caco Barcellos, de 57 anos, permaneceu ao meu lado, rente à grade lateral do palco. Também é fanático pela banda. Mas, acredito que ele não viu o que presenciei. Ou fez de conta que não.
Entre "Synchronicity II" e "Walking on the moon", a segunda e a terceira música da noite, respectivamente, deu a louca nos artistas. André Gonçalves, que viveu o homossexual Sandrinho na novela 'A próxima vítima', de 1995, resolveu não usar a camiseta obrigatória do patrocinador (a cerveja Sol) e começou uma pequena confusão.
Dado Dolabella, com seu corte de cabelo reco, no estilo 'soldado', não parava quieto em seu lugar. Desfilava de ponta a ponta com sua nova namorada, a modelo Eliza Joenck.
Com "Don't stand so close to me", o Police agradava os fãs, e a ferveção na área global continuava. Enquanto tomava mais um gole de cerveja, notei um enorme nariz à minha frente. "É o Luciano Huck", respondeu a garota que estava próximo de mim. E era mesmo. Estava acompanhado da esposa Angélica "Vou de Táxi". Fiquei sabendo que ele havia empurrado uma repórter-fotográfica do jornal "O Dia", mas não vi a cena. Uma pena!
No palco, Sting detonava "Truth hits everybody", música que ouço bastante na versão mais rápida do Pink Cream 69. Foi a vez de aparecer Bruno Gagliasso e outras meia dúzias de carinhas novas. "Ai, são os atores da malhação", prosseguiu uma garota.
O efeito visual do show me agradava, mas não aos artistas. Era um empurra-empurra notável. Em "Wrapped around your finger", música lenta e sentimental, a bateção de papo alto continuava. Ninguém da área estava a fim de ver o show, só de circular por ali e claro, posar para as lentes dos fotógrafos.
Quarentonas também estavam no estádio. Alexia Dechamps e Paula Bulamarqui circulavam entre as novatas. Tenho a certeza de que elas não sabiam cantar um refrão inteiro do Police, que no momento executava a belíssima "Can't stand losing you", com detalhe para o solo emendado de Summers à "Regatta de blanc".
No final do show, bebendo cerveja quente, notei que os 'desglobalizados' estavam em número reduzido. Fiquei pensando: será que os fotógrafos foram embora? Sting cantava "King of pain" e o público, inclusive eu, viajava na música.
As duas faixas finais, "Every breath you take" e "Next to you", assisti da boca do túnel, na entrada do gramado, sentido à rampa externa do estádio.
Ao término do espetáculo deixei o Maracanã com várias sensações: 1º- bandas iguais ao Police são raras hoje em dia (e olha que sei o que estou falando); 2º- os cariocas são muito folgados (e não gostam de trabalhar, como os taxistas); 3º- o Rio tem mulheres pervertidas (iguais as que vemos nas novelas); 4º- muitos atores globais são feios vistos de perto (inclusive muitas atrizes que são belas na TV); 5º- a beleza do Rio de Janeiro é mais imponente vista à noite.
by Gustavo Ferrari